
Mas, como toda mulher de 40 que nasceu e cresceu ouvindo RC, eu olhava de rabo de olho pra ele e pensava: A gente se conhece há tanto tempo...
Em homenagem a essa "amizade antiga", assistí ao Globo Reporter, na sexta. Todinho. Gostei mas mantive uma distância estratégica.
Aí chegou ontem, o dia do show... a novela quase acabando e... -Mãe, você vai ver o show???? Você não falou que não aguenta mais? (filha carrasca, não me deixa tirar uma onda).
-Ah, eu vou assistir só um pouquinho... Daqui há pouco a gente muda, tá?
- Mãe, você sabe as letras inteirinhas!
- Que cara é essa? Tá chorando, mãe?
- Que chorando o que? Estou é reparando que ele tá colando as letras, ele esqueceu tudo.
- Muitas lembranças?
- E quantas, minha filha. Mais do que eu mereço, "pode crer".
Um mês inteirinho de implicância com ele e agora, olha só, toda emocionada, assistindo a um desfile de lembranças da minha (tão distante) infância. A casa onde morava, o toca discos que não tinha descanso aos domingos, os vizinhos, os natais, meu pai querido, muita saudade, muita vontade de dar um pulinho lá...
Roberto sabe do que eu estou sentindo. Ele foi a trilha sonora de toda essa vida. Ele sabia até como acalmar minha mãe. Ela que guardava os discos com todo o cuidado. E não tinha nenhum problema em repetir 100 vezes o mesmo LP no domingo. Ela não quis ver o show pela TV. Penso que ela já sabia o que poderia provocar. E minha mãe não é dada a emoções, ela prefere uma boa noite de sono.
Sono que demorou uma vida ontem para chegar. Uma vida inteira. Obrigada Roberto Carlos, por trazer lembranças tão queridas. Obrigada, meu Rei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário