quinta-feira, outubro 29

A maquiagem na rede social esconde a chatice da vida real?

Uma coisa corriqueira nos dias de hoje é olhar as redes sociais – mentira, a gente não olha, a gente vive nelas – e se deparar com as vidas impecavelmente perfeitas. Gente linda, elegante e sincera para todos os lados. E a felicidade que salta das fotos e vem direto na testa de gente, como um dardo. Não que isso seja ruim, nem que sejamos todos invejosos e não consigamos tolerar a felicidade alheia. Aliás, eu particularmente aprendi numas das redes em que vivo, que “é sempre melhor ter gente feliz por perto, porque gente feliz não enche a paciência de ninguém”. Verdade? Sim. Às vezes…
Gente premeditada, deslumbrada, que não á a mínima para a sua cota de paciência e aluga um dia ou uma noite contando seus planos infalíveis para a sua vida perfeita… essa gente é chata.
Gente que não se importa em ter uma conversa com você, só quer falar e falar e falar, e dizer o quanto é elogiada, o quanto seus filhos são especiais, o tanto que consegue lucrar… essa gente é chata.
Gente que não faz questão de te conhecer bem, que corta seu coração, tratando de assuntos delicados para você como se estivesse displicentemente cortando uma fatia de bolo… essa gente é chata.
Gente que se melindra e cobra atenção, gente que quer ser sempre o centro da festa, gente que quer tirar fotos a todo instante, que marca o território o tempo todo, que pensa nas respostas antes das perguntas, que precisa todos os dias mostrar para o mundo o quanto é feliz e bem amada… essa gente é muito chata.
Mas, ser chato não é motivo suficiente nem para esse texto, nem para excluir qualquer pessoa de nada. Afinal, todos temos uma certa medida de chatice.
Um antídoto bacana para a maioria dos sintomas de uma vida premeditada, é justamente o seu oposto, a surpresa, o inesperado, a espontaneidade.
Tem coisa mais legal do que uma lufada de vento no momento de uma foto? Os cabelos ficam ridículos, mas os sorrisos… pode reparar! Nem dá tempo de fazer aquele bico…
Ninguém deve apontar para o outro e enumerar suas chatices. Além de descortesia, é uma imperdoável falta de educação.
Ficam então, as sutilezas como aliadas para uma boa convivência, e, conforme a ocasião, a coisa fica até engraçada. Se tiver amizade envolvida, tudo se resolve com uns toques e provocações.
Só não vale ser rude! Se não sabe brincar, deixa o que está se divertindo ser feliz!

quarta-feira, outubro 28

Você tem um amigo que te faz pisar em ovos?

Todo mundo tem um amigo louco, um amigo tímido, um amigo herói, problemático, romântico, cafona, hippie, safado, malandro… tem amigos que podem levar quase todas as denominações em um só! E por cada um deles, na maioria das vezes, são pessoas adoráveis, daquelas que sorrimos só de saber que iremos encontrá-los e ficamos realmente felizes com suas presenças.
Amigo é riqueza sem tamanho, a gente sabe disso. Ai de mim sem minhas amigas incríveis, sem meus amigos maravilhosos!
Eu afirmaria com muita certeza que, salvo os que decepcionei e também os que já ou ainda irão me decepcionar, amigo é casamento feliz, pra vida toda!
A coisa só fica esquisita no momento que seu amigo começa a te fazer pisar em ovos. – Opa, cadê aquela alegria que eu tinha quando estava indo te encontrar? Por que agora arrumo desculpas para não te telefonar, não responder suas mensagens? Por quais cargas d’água eu ando preferindo estudar a ir beber umas com você e dar risada até a barriga doer?
Um dia, sem maiores alardes, seu amigo começou a te cobrar presença, deu para soltar piadinha quando te vê com outro amigo, não se contendo então, partiu para as frases de efeito: – É, comigo você não vai para tal lugar; – Você nem gosta desse tipo de filme!; – Fica lá com seus amigos novos…
Esse amigo está enciumado, está chateado, está tentando te fazer sentir culpa.
Chato isso, mas pode ter explicação. A pessoa pode estar passando por uma fase insegura, pode estar se sentindo preterida, pode querer mais da sua atenção e não sabe como pedir.
Mas pode também ser uma pessoa controladora, esfomeada, manipuladora. E aí, ou você entrega o jogo e deixa ela te controlar, ou vira totalmente essa relação do avesso e começa tudo de novo.
Cartas na mesa, sinceridade na medida certa, e você explica, do fundo do coração, que essa amizade é importante, mas que em hipótese alguma você pode permitir se deixar controlar, nem pelo amigo, nem pelo amor, nem pelo cachorro, pelo terapeuta, pelo patrão, pelo pai, mãe, filhos, ninguém.
Explica que amor bonito é amor livre, que desconhece os medos de infidelidade, deslealdade, não lembra o tempo que passou, que acha bom o encontro e, naquele momento, a vida é mais feliz porque esse amigo está por perto!
E devolva os ovos para ele.

segunda-feira, outubro 26

Ressentimento é uma planta venenosa

De todas as coisas que podem nos acontecer na vida, certo é que incontáveis serão boas, excelentes, extraordinárias, outras sequer perceberemos e outras tantas e muitas, serão dolorosas, decepcionantes,  frustrantes, traumatizantes.
E para essas, a maioria de nós sempre pedirá uma cabeça para cortar. É por demais injusto passarmos por uma tristeza e ainda sermos os responsáveis por ela. Para isso, sempre haverá de ter um culpado, seja ele um indivíduo, uma situação, uma falha, uma força da natureza ou simplesmente uma palavra dita de forma errada. Importante é que se encontre o culpado. E para ele, nenhuma trégua.
Em consequência, pelo tempo necessário –e não raro uma vida inteira – e na proporção do estrago causado, as sementes do ressentimento brotarão e crescerão de forma espantosa, a ponto de tomarem o jardim inteiro, matando o que de belo e puro ainda poderia resistir. E, sem surpresas nem sustos, tudo o que de bom e feliz acontecer depois disso, tenderá a passar desapercebido, como plantinhas rasteiras que sobrevivem um ou dois dias e morrem por falta de luz. A luz que a árvore do ressentimento rouba de todas as outras. A luz das ideias e do desapego às mágoas que nos aponta novos caminhos, novas escolhas, novas cores, novos afetos.
O passado faz parte do que somos hoje, isso é incontestável, mas dele trazemos uma bagagem bagunçada, revirada, leve se pegamos a mala feliz, impossível de carregar se tentamos a mesma coisa com o baú dos desapontamentos.
Mas, voltando ao presente, por vezes nos pegamos pensativos no jardim das emoções, e, para todo o lado que olhamos, cresce frondosa a árvore do ressentimento, com suas folhas espessas, com espinhos nas pontas, cores mortas e enorme mal cheiro. E, tolos que somos, acreditando também isso ser natureza, regamos e cuidamos, sem sequer desconfiar da quantidade de veneno que estamos nutrindo.
Ressentir é sentir novamente. Sentir a primeira vez, doer, sofrer, amargar. Sentir a segunda vez, e mais uma, e mais uma, e mais uma. Julgar e decretar culpas. Banir pessoas, lugares, músicas, perfumes, palavras… Tudo isso junto vira um labirinto de sofrimentos, donde não se sai e só se perde ainda mais. Acabamos por viver buscando a saída, perdidos por entre caminhos que as árvores que nós mesmos plantamos, nos mostram.
Somente no dia em que resolvermos matar de sede as árvores do ressentimento é que elas murcharão e conseguiremos ver os caminhos, as saídas, a vida além do labirinto. E que tenhamos sorte para não tocarmos nos espinhos antes deste dia!

sexta-feira, outubro 23

Emitir opiniões e decisões não deveria jamais ser uma atitude leviana

Precisamos cobrar e pagar, dependendo da posição em quem estamos no momento da negociação. E negociação se aplica a quase tudo. Ou tudo…
Temos o direito de dizer sim ou não em qualquer situação, mas temos noção da responsabilidade que essas palavras carregam nos contextos de cada vida?
Dizer sim… parece em primeira análise a melhor parte de uma conversa, a mais fácil e fluida. Todos gostam do sim. Mas… dizer sim também pode significar desistência, indiferença, desprezo, desamor…
Dizer não, a oposição… só contrariedade à primeira vista. Mas, ao contrário disto, pode significar responsabilidade, preocupação, educação, respeito…
Há um preço para cada opinião, decisão e argumento que emitimos. Somos responsáveis pelo que acreditamos como bom para a nossa vida e para quem servimos de exemplo. Ou, ao menos deveríamos ser. Emitir opiniões e decisões não deveria jamais ser uma atitude leviana.
Porém, se quisermos ter um espaço individual – e digo isso porque há pessoas que preferem abrir mão deste espaço, numa boa, sem ressentimentos – tenhamos ciência de que para tudo o que expressarmos, haverá um preço… mas nem sempre terá valor. Quando contrariamos a maioria, tendemos a ser abafados, ignorados. E, muitas vezes preferimos ir com a maré, só para garantir um espaço na massa. Mas aí, nesse momento, nossa fala fica sem valor. Pagamos um preço alto e ainda ficamos sem valer grande coisa.
Valor só se contabiliza quando algo que dizemos ou fazemos, retorna de forma positiva, gera frutos, multiplica e também afeta positivamente quem está ao nosso redor. E nessa seara precisamos ser ousados, contrariar muitas vezes a opinião coletiva, a moda, as tendências, as probabilidades, aquele amigo que fala mais alto e não se envergonha de te chamar de ignorante e ainda dar risada.
Portanto, além de pagar o preço, há que se ter coragem. De qualquer formar, se posicionar é sempre uma arte delicada e perigosa. Não ocupar um lugar alheio, entonar resposta de acordo com cada questionamento, defender opinião sem se defender diretamente, dizer sim ou dizer não, qualquer que seja a resposta, que seja cheia opinião pessoal e totalmente vazia de modismos e intenções ocultas.
Sim ou não?

quarta-feira, outubro 21

Uma alma enjauladar faz o corpo sofrer

Uma palpitaçãozinha, o peito começa a apertar, as mãos suam… e ainda há tempo para tentar entender o que se passa. Levei um susto? No que acabei de pensar?  Que preocupação ronda secretamente meus pensamentos? Por que de repente me sinto assim, prestes a cair de um despenhadeiro?
Em seguida, um descompasso generalizado. Respira, respira, respira fundo! E uma bruta sensação de desamparo, de solidão, de que as pernas pararão de obedecer, o ar vai faltar . Vou desmaiar, vou cair, vou morrer, vou sucumbir.
Mais uma crise de ansiedade, que vem como uma tromba d’água, arrastando tudo o que vê pela frente, despertando o exército de inseguranças e medos, fazendo as veias saltarem, os olhos esbugalharem e a alma assombrar-se.
Como uma sensação dessas se instala na gente, sem aviso, sem sinais, sem causas óbvias muitas vezes? Será que todo mundo já sentiu isso uma vez ao menos?
Me espanto todas as vezes, que acontece. Sim, acontece comigo e eu morro de medo. É incontrolável demais, fico com ânsia de mandar minha alma correr para fora do corpo.  Penso que ninguém imagina a dimensão desses monstros a não ser quando capturados por eles.
Crise de pânico, de ansiedade, piti, chilique, surto… que importa o nome do monstro?  O que me interessa saber de tudo isso se não for para aprender a me proteger, me resguardar, salvar minha sanidade das bocadas desse bicho?
Mais uma enfermidade moderna, mais uma consequência de emoções e paixões descontroladas de nossa época, dos passos descompassados, dos medos e sustos, neuroses e paranoias muito bem alimentadas. Talvez seja o preço que estamos pagando pelo progresso, pela vida que já deixou há muito tempo de ser construída para humanos e sim para máquinas; Talvez estejamos nos fragilizando de susto, com tantas tecnologias, com tanta gente no mundo, com a correria e atraso constantes . Talvez seja qualquer coisa que não conseguimos entender agora, porque estamos doentes de ansiedade…
Talvez, em algum lugar dentro de nós, more uma pessoa tranquila, dócil, bem humorada e esperançosa, mas que está trancafiada sobrevivendo com o mínimo, calada e ameaçada, pois não é a pessoa que pode se apresentar à sociedade dos dias de hoje. Talvez tenhamos apagado e rabiscado tanto a nossa personalidade para poder nos posicionar bem na vida, que por fim, um dia, os defeitos começam a sair, como os suores e tremores. Pode ser a pessoa interna, a alma verdadeira, implorando para sair.  E nessa seara, cada um sabe a porta que consegue abrir.

terça-feira, outubro 20

A arte de conviver com sabichões

Sabichão é aquele sujeito ou sujeita que não tem a menor sombra de dúvida sobre nada ou ninguém. O sabichão sabe – e na maioria das vezes não sabe – tudo a respeito das notícias atuais, sabe historia como ninguém, sabe sobre leis, direitos, deveres, regras sociais, moda, estilo, cinema, artes, composição do chiclete, quantas pernas tem um piolho e muito mais.
O sabichão domina a conversa, interrompe as pessoas, ignora os bocejos entediados e continua o discurso com a mesma empolgação.
Até esse ponto, poderia ser só um chato. Mas tem chatos mais bacanas, que de vez em quando param para respirar e depois dizem: Isso eu não sei. O sabichão nunca vai pronunciar isso.
Quem convive com um ou mais sabichões sabe do que estou falando.  É uma verdadeira arte conviver com personalidades tão vaidosas, arrogantes,  irascíveis. Não há diálogo, não há troca, não há prazer.
E quando uma pessoa dessas é contrariada, quando alguém ousar discordar, o mundo vem abaixo, sob diversas formas: uma saraivada de argumentos, teorias exaltadas, defesas apaixonadas, socos na mesa, qualquer coisa vale para quem não sabe ficar sem os créditos de uma razão.
Mas como se faz para conseguir conviver com tamanha sabedoria? Submissão? Indiferença? Provocação?
E quando ainda assim temos afeto, gostamos tanto dessa pessoa insuportável  que somos capazes de encarar todas os capítulos da história do mundo que ela sabe de trás para frente?
O truque de dar bastante comida para que ocupe a boca não funciona bem, o sabichão não tem dó de deixar a comida esfriar em troca de longos e detalhadas explicações.
Tampouco levantar um assunto que teoricamente ele não domina, pois o efeito desse desafio pode ser uma enxurrada de teorias e hipóteses.
Solução definitiva não sei se há, mas se um sabichão entrou na sua vida, ou você na vida dele, de qualquer forma que for, a melhor experiência que posso compartilhar é de propor tréguas de sabedoria – O dia em que nenhum de nós nada sabe – é um exercício no mínimo engraçado, mas cuidado, você corre o risco de descobrir que o verdadeiro sabichão pode ser você.
Afinal,  poucos são os que não reclamam a verdade e sabedoria para si próprios.
Por um mundo com mais curiosidade e menos certezas!

domingo, outubro 18

Deixar o coração ser a fogueira que mantém a vida acesa!

No coração da gente nunca deveria caber nada gelado, possível de estragar,  suscetível ao frio. Coração é fogueira que transforma as coisas cruas em delícias, quebra os gelos e derrete camadas, esteriliza, desinfeta!
Se você está usando o seu coração como geladeira, é provável que nem consiga ver o que tem dentro, no meio dos potes e vidros, tudo guardado, etiquetado, refrigerado, e com data para acabar ou ir para o lixo.
A versão piorada seria um freezer, temperaturas realmente baixas, tudo estocado, no meio da névoa, sem vida, sem chance de reanimar.
Assim podem ser as nossas relações. Estocadas e seguras, mas geladas e insossas.
E, apesar de acreditarmos que dessa forma não corremos o risco de ferimentos, sim, o gelo também pode queimar, machucar, rasgar a pele e nossa alma.
Nosso coração tem natureza quente, se envolve, envolve outros, tem ritmo, fluxo, disparos, acelerações. Nossas emoções mais intensas são verdadeiras tochas que tanto devastam como aquecem.  Essa medida é o desafio muitas vezes de uma vida, mas aí mora a nossa busca. Equilíbrio, discernimento, harmonia… um pouco de cada já garante um morninho gostoso, já balanceia as chamas e impede que o vento as apague.
Assim como esfregamos as mãos para as aquecer, também nosso coração precisa muitas vezes de uma ajudinha. Os dissabores, os traumas, as decepções e frustrações são como aquele vento gelado que a gente demora a perceber, mas vem constante e implacável na sua rota, esfriando e condensando nossas emoções, nossa capacidade de reagir, insuflando o cansaço e a exaustão. For fim, se nada fizermos a respeito, se não gritarmos por socorro, implorarmos um calor extra, um abraço, uma palavra amiga, um ato de amor, estaremos em pouco tempo, vencidos e frios, duros e insensíveis, como cubos de gelo.
É hora, portanto, de ir à floresta, catar os gravetos e folhas secas, as dores e desamores, juntar tudo e atear fogo, deixar queimar, desinfetar, ficar perto do calor, se aquecer… Deixar o coração ser a fogueira que mantém a vida acesa!

quinta-feira, outubro 15

Mais uma desculpa para dizer não!

Chega um feriadinho e a gente logo pensa em como aproveitar da melhor maneira possível :Um passeio, uma reunião com os amigos, quem sabe uma visita aos parentes, pintura da casa, colocar a casa e a vida no lugar.
Mas então a gente começa a se preparar para seja-lá-o-que-for que estamos planejando e… sem pedir qualquer licença se instalam as nuvens negras da tempestade imaginária que vai cair a qualquer momento nas nossas vidas, só porque resolvemos planejar algo mais divertido do que trabalhar e cumprir a rotina fielmente.
Não que trabalhar e viver a rotina sejam coisas negativas, pelo contrário, são essas repetições que regem nosso calendário e fazem os momentos de pausa serem tão valorizados. Mas, penso que não nos demos conta de alguns paradigmas que andamos criando nos últimos tempos.  No dia a dia não temos muitas opções, pois devemos trabalhar e cumprir os afazeres em qualquer situação, com chuva e sol, calor e frio, trânsitos, greves, mal humor,  dores e dores (para todas as variações).
Mas, e que fique bem claro que não estamos falando de nenhuma patologia e sim dos truques que usamos para nos vitimizar, no momento em que consideramos a possibilidade de ousar nos divertir e relaxar, aí o mundo desaba e os pânicos preenchem todos os espaços que deveriam pertencer ao prazer.
  • Vamos ao parque, passar o dia de papo para o ar! – Não podemos, vai chover, vai ventar, o mundo vai se acabar.
  • Vamos combinar um encontro, amigos de escola, há tanto tempo não nos vemos! – Eu não posso, preciso levar meu cão para tosar; – Eu confirmo depois, talvez também não possa; – Pode ser outro dia? (gostaria de estar mais confiante, mais elegante, mais fascinante…)
  • Vamos visitar aqueles parentes que sempre nos convidam! – Não, vamos pegar muito trânsito! – Talvez eles nem estejam em casa!
  • Vamos mudar nosso ambiente, pintar as paredes, os móveis, mudar tudo de lugar! – Não, sinto receio de não me sentir mais em casa!
  • Vamos viajar, ver como é a vida em outro lugar! – Não, não sei se vou gostar da comida; – Não sei se conseguirei dormir; – Não sei se serei capaz de ver gente vivendo de forma mais descomplicada e simples.
E são tantos “vamos” e “nãos” que acabamos concluindo que vivemos com uma cartela de pânicos que nos impedem de dar um passo a mais em favor do nosso conforto.
Sim, porque enfrentamos tudo para ir ao trabalho, mas queremos que o prazer bata à nossa porta,  para nos livrar dos perigos.
É hora, pois, de pensarmos que,  se não enfrentarmos todos esses receios, eles certamente nos engolirão sem piedade, e nossa vida será um emocionante “conto de nadas”!

quarta-feira, outubro 14

Sabe aquele dia em que você amanhece diferente, como se fosse outra pessoa?

Pensamentos estranhos, atitudes incomuns… mas ainda assim é você.
Pode ter sido um sonho bom, um pesadelo terrível, o jantar que não caiu bem, ou simplesmente, você amanheceu diferente. Não outra pessoa, mas uma versão sua até então desconhecida.
Hoje eu amanheci assim. Acordei no horário certo, sabia o que tinha para fazer, estava tudo organizado mas… resolvi fazer diferente, ou melhor, não fiz nada.
-Gente, essa não sou eu. O que está acontecendo?
Incrível como a gente se espanta com a espontaneidade. Perdemos o costume quando somos espontâneos. Assustamos e nos assustamos.
Mas, voltando aos dias diferentes, quem nunca acordou com uma vontade irresistível de arrumar uma mala e sair no mundo? Quem nunca se vestiu diferente do jeito habitual, trocou o café da manhã por um pastel com caldo de cana, chegou tarde no trabalho porque sentou no banco do parque e fez nada por meia hora? Quem nunca acordou diferente, fez tudo diferente, pensou diferente e enxergou a vida de modo diferente? Isso é pura mágica!
Como se ao abrir os olhos, enxergasse de primeira uma placa dizendo: Lamentamos, mas hoje você não pode ser a mesma pessoa de sempre!
E  gente se assusta, mas deveria aproveitar. Certamente é uma chance e tanto de se reinventar, se variar, se experimentar fora do quadrado habitual.
Tão bom sentir que brotam ideias e ações diferentes das que estamos acostumados a selecionar dos arquivos rotineiros! Tão  gostosa a sensação de novas sensações, gostos,  preferências… Talvez sejamos assim todos os dias, talvez uma vez ou outra, mas tem dias em que isso é tão gritante que por pouco não vira lenda: O dia em que eu acordei diferente.
De repente é alguma variação energética, não entendo muito disso, mas também não ouso duvidar. E ninguém pode negar que existem aqueles dias em que a gente se sente na onda verde, tudo fluindo, sem contrariedades, portas se abrindo, os mais difíceis até sorrindo! Ai de nós se não soubermos aproveitar!
Como tenho mania de comparar, diria que os dias diferentes são aquelas estradas impecáveis, de paisagem perfeita e nenhum trânsito para empatar.
Diferente dos dias comuns, onde nos atropelamos e ficamos por muito tempo estacionados e engarrafados na própria rotina.
Se amanhã você amanhecer diferente, não ouse não desfrutar!

sexta-feira, outubro 9

Carpe Diem, porque o tempo voa!

Há momentos em que a gente se dá conta da passagem de tempo, e o susto é inevitável. Um dia vivíamos o dilema de escolher a profissão, no outro, nos pegamos pensando na aposentadoria. E num piscar de olhos estaremos nela.
Nessas horas eu me pergunto sobre as prioridades, sobre as necessidades, sobre as vontades que temos, todos nós, em relação à vida. Pensar que os anos passam disciplinadamente rápido e levam consigo parte das nossas vidas, provoca uma reflexão sobre coisas que só mesmo o tempo tem poder para enfrentar. Como queremos que o tempo passe por nós? Sabemos organizar a vida para que tudo aconteça a seu tempo? Ou deixamos o tempo levar o que queremos?
Queremos informação, conhecimento, desenvolvimento de habilidades. Estudamos, nos especializamos, viramos mestres, doutores, sumidades em determinados assuntos. A negociação com o tempo envolve grande esforço, mas muito prazer e reconhecimento também.
Queremos segurança, dinheiro no banco, uma casa, um carro, estabilidade,  poupança para viagens… Alguns de nós conseguem tudo. Muitos de nós conseguem parte. Parte de nós não consegue, ou abre mão de conseguir. Isso vai depender de muitas coisas, mas também de quanto tempo será investido. Tempo este que não dá garantias. Hoje estamos, mas amanhã, quem sabe? E quanto mais queremos, mais tempo teremos que negociar.
Queremos nos divertir, viver a vida, contabilizar aventuras, ver o mundo, abraçar os amigos, brincar com os filhos, brindar, cantar,  amar, não deixar a festa acabar. E nessas horas, digam o que quiserem, mas o tempo dá sempre um jeito de passar mais rápido. Guardamos pedacinhos desse tempo em milhares de fotografias, filmes, recordações, mas mesmo assim ele não volta.
No final, não importa o que queremos nem quanto tempo isso leva de nossas vidas. O que vale é entender como nos acertamos com esse tempo, como negociamos para que ele seja  aliado dos nossos desejos ,necessidades e aspirações, de forma que, ao final do nosso tempo, possamos constatar que vivemos em harmonia com o tempo, a vida que escolhemos ter.
Que não tenhamos motivos para lamentações sobre tempos perdidos ou desperdiçados. Isso sim é uma forma cruel de matar o tempo.
“Cada minuto que passa é um milagre que não se repete”
(Chamada da extinta rádio relógio, há muito tempo atrás, que também já ficou no passado).
Carpe Diem, portanto, todos os dias!

terça-feira, outubro 6

O silêncio é o grito mais forte

Curioso como sempre tentamos nos afirmar com argumentos e explicações, que vão desde as discussões civilizadas e ponderadas, até berros, soluços chiados e muxoxos… E quando a última palavra não é a nossa, que agonia!
– Ah, eu não disse tudo o que queria! Tinha muito mais, e como tinha!
– Desculpe minha sinceridade, mas eu sou assim mesmo…Não é grosseria, é meu jeito!
Sim, todo mundo quer deixar sua marca, ver o outro com a cara no chão, sem argumentos, virar com classe e ir embora deixando o silêncio da última palavra dita, discussão fechada, batalha vencida, final de uma história, laços rompidos… Nessa hora, parece desvantagem não ter voz, não bater o martelo do leilão, não dar um murro na mesa e um grito de “agora você vai me ouvir”.
Mas será que realmente é prejuízo segurar uma ofensa, um demérito, uma confidência, lamentação, xingamento, súplica, uma palavra mal dita, mal encaixada, mal pronunciada?
Dizem que o que a gente guarda para si, um dia pode virar uma doença, como um veneno circulando e fazendo seus estragos. Eu me pergunto se o que a gente fala e não guarda, não é justamente a mesma coisa, sendo que vamos propositalmente atingindo os outros, muitas vezes fazendo para machucar, para ferir, adoecer…
Quisera soubéssemos agir no meio termo de tudo. Calar, digerir, selecionar, descartar e seguir. Quisera não tivéssemos essa vocação para advogar em causa própria ao menor descontentamento.
Argumentar muitas vezes resolve, outras, nem com reza forte.
Poderíamos pensar em alguma regras, para poupar esforços e frustrações:
– Você foi alvo de fofoca? Provocações? Injustiças? Deslealdade? Indiferença? Agressões?
– O quanto vale à pena rever essas situações e se concentrar em debatê-las?
– Quanto tempo e energia você vai concentrar nas respostas? Com qual intenção? Vai melhorar as coisas ou rolar a bola de neve para que aumente um pouco mais? Vai conseguir transformar algo a seu favor?
Quem fala mais alto aqui, afinal?
O silêncio. O silêncio é o grito mais forte!

domingo, outubro 4

Não esconda a vida atrás de uma cortina!

Eu amo analogias e muito frequentemente me pego fazendo as mais estranhas comparações. Hoje, observando as cortinas da minha sala, constatei mais uma vez que comprei cortinas mais estreitas do que as janelas, onde um lado sempre fica descoberto. No começo achei ruim. Mas, como seria um transtorno fazer a troca, me conformei. Agora, pensando bem, vejo que comprei exatamente o tipo de cortina que me deixa confortável. Eu jamais cerraria tudo, de canto a canto, portanto, trabalho poupado. Para a minha vida, é preciso sempre deixar uma fresta à mostra;  a certeza de ver o outro lado e que o outro lado me veja também.. E, vale o detalhe: a cortina é quase totalmente transparente, portanto, pouquíssima diferença faz se toda aberta ou encolhida.
Por que afinal escolhi uma cortina assim? Será medo? Será desconfiança? Serei eu uma controladora? Uma exibicionista? Pode ser que nada disso. Pode ser que tudo isso.
E nós, como administramos as cortinas das janelas do nosso mundo? Permitimos muita luz? Bloqueamos tudo? Abrimos mão da função principal e as usamos somente uma bela decoração?
Cortinas finas e delicadas, que deixam o  ambiente leve e confortável e convidam a apreciar a luz que refletem, são os dias em que nos sentimos em paz com a vida, abertos para novas experiências, aconchegados e sossegados.
As persianas, que não raro se enrolam, prendem as cordinhas nas estruturas, e ao final ficam com um lado totalmente para cima e outro para baixo, podem representar aquela fase em que perdemos o foco,  nos engalfinhamos com problemas, tropeçamos nas próprias pernas.
Quando nos percebemos mais introspectivos, lembramos as  cortinas com forros, que rapidamente são puxados a qualquer sinal de que há luz demais onde não deveria.
Nos momentos mais complicados, tristes, depressivos, blackouts de parede a parede, com a  função de manter a sombra, a escuridão.
Se livres, cortinas de voal ao vento, escorregando pelos peitoris das janelas… se presos, pesados painéis estáticos.
De todas as formas, em algum momento da vida já passamos por todas as essas cortinas, muitas vezes nos enrolamos nelas, nos escondemos atrás delas, brincamos de abrir e fechar, e até as puxamos, para arrancá-las dos seus varões.
Todas as formas estão valendo, desde que sejam sempre cortinas, e nunca escudos, nunca lacres… Que as cortinas passem por nossa vida, mas, que a nossa vida não passe somente através das cortinas.  Melhor não tê-las então.

sábado, outubro 3

Não se preocupe comigo, eu me curo

Não se preocupe comigo e, sim, com você, que repete os mesmos comportamentos de menino, dando e pedindo as mesmas desculpas, chegando e saindo sem qualquer responsabilidade, levando muitas vezes o que não te pertence e sem permissão.
Querido, eu me curo. Da mesma forma que eu não sou para você, você também não é novidade para mim. Você não é o meu primeiro príncipe, meu primeiro engano, meu primeiro erro. Portanto, querido, nem toda essa importância você pode reclamar para si.
Querido, o que foi bom, foi ótimo. Fiquemos unicamente com isso. Não lamente por mim, não troque a sua culpa pela dó, não faça essa barganha desonesta. Saia desse contexto o mais limpo possível, sustentando suas certezas, assumindo suas escolhas e, principalmente, leve com você a sua parcela de responsabilidade. Não a deixe de herança para mim, pois, já tenho a minha própria e a usarei como argumento para seguir em frente.
E, querido, não seja tolo, não me olhe como se eu fosse frágil, delicada e vulnerável. Sou mais forte do que pensa e, te aconselho a não ficar com a imagem de biquinhos e suspiros como lembrança, pois, definitivamente, não é meu retrato fiel. Entenda que as ferramentas de um diálogo não são a parte em si. Somos muito mais, tanto eu quanto você. Se quiser, leve com você a inquietação de não ter visto o melhor nem o pior de mim. Eu abrirei mão dessa parte, aceitando que já vi o que era preciso e, daqui para frente, nenhuma explicação será mais útil ou necessária.
Por fim, querido, peço que não me pendure como coitadinha na sua galeria de lembranças, já que, por mim mesma, também não te citarei com despeito.
E, não me peça mais desculpas por ter escolhido outra vida. Desculpe-se somente por sua falta de coragem para me contar, dividir suas dúvidas, olhos no olhos.
Quanto a mim, não tenha dúvidas, eu me curo!

sexta-feira, outubro 2

Temos preguiça, sentimos fadiga, criamos temores, vivemos com medo de as coisas darem certo

Sabotagem. Eis uma palavra que não é tão comum, mas também está longe de ser uma desconhecida em qualquer história de vida.
Você é sabotado, quando te omitem uma verdade, quando é lesado, enganado, injuriado, prejudicado…
Você poder ser sabotado infinitas vezes ao longo da vida. Pode descobrir, pode sequer desconfiar, pode nem querer saber e ir levando…
Você pode achar normal, que é do jogo, pode se sentir ultrajado, magoado, revoltado, enganado…
Mas, e quando a sabotagem parte da parte que deveria se defender das possíveis sabotagens, intencionais ou não?
Fazemos isso? Fazemos esse total desserviço a nós mesmos, sabotando-nos e nos subtraindo oportunidades que poderiam ser positivas para nossas próprias vidas?
Sabotamo-nos quando temos preguiça. Preguiça de tentar algo, pesquisar, preguiça de entender, considerar, analisar. Deixamos de entrar em contato com um monte de novos caminhos, possibilidades, pessoas e lugares, por conta da tal preguiça.
Sabotamo-nos quando sentimos fadiga. Com a velha desculpa de que estamos cansados de tentar isso ou aquilo, que estamos exaustos de bater com a cabeça na parede, a cara das portas, a mão na ponta da faca… sentimo-nos feridos e abatidos pela fadiga. E, para evitar mais dores e mais suores, sabotamo-nos, crendo que estamos fazendo o certo.
Sabotamo-nos quando criamos temores. Da mesma forma que criamos desenhos, textos, looks e fantasias, criamos temores. Temores robustos, bem alimentados, verdadeiros paredões que nos impedem de ultrapassar as dificuldades e enxergar possíveis soluções. E nos sabotamos, em total paralisia.
De fato, queremos demais que a vida seja leve, que o café esteja quente, que a chuva só caia, quando estivermos abrigados e agasalhados, que a saúde esteja em dia e que o mal passe bem longe.
Mas, para afastar o que não queremos por perto, para manter o que já conquistamos e para dar passos mais adiante e vislumbrar outros horizontes, precisamos urgentemente derrotar, esmagar, dizimar esse medo que nos cai tão bem quanto um par de botas de chumbo. Precisamos, finalmente, deixar as coisas darem certo!

quinta-feira, outubro 1

Acumule vida, não coisas.

Temos um conceito de necessidade bem versátil, no que diz respeito a gostos e recompensas. A palavra “necessidade” vem com tudo, quando estamos defendendo o que desejamos, sonhamos e acreditamos piamente que precisamos e sem o qual não vivemos. Necessitamos, precisamos a qualquer custo e não sossegamos, enquanto não conseguimos. E começamos a acumular necessidades…
Acumulamos tudo. Papel demais, vaidade demais, lixo demais, comida demais, promessas demais, móveis demais, manias demais, peso demais para uma vida que não depende, nem se garante por nada disso.
Se vamos ao supermercado, enlouquecemos. Compramos muito mais do que precisamos, saímos de lá exaustos, lisos, e com carrinhos abarrotados de coisas que não precisamos, que não suprem a fome que realmente temos. Mas, naquele exato momento, juramos que não haverá possibilidade de vida, se não levarmos quatro potes de cera líquida para tacos. Assim somos. Insaciáveis.
Se passamos na farmácia, viramos imediatamente doentes, de tanta medicação que precisamos ter com urgência em casa, para o caso de uma febre, uma torção, um ataque cardíaco, laringite, sinusite, tendinite…
Em viagem, perdemos totalmente a noção de estadia provisória, levando uma bagagem gigante, pesada, desnecessária, desconfortável e ridícula.
Olhando assim de passagem, eu diria que, compatível com as angústias que desejamos deixar para trás, muitas vezes.
Nós guardamos livros que não iremos ler mais, material escolar que jamais voltaremos a consultar, rolhas de garrafas, vidros vazios, revistas, sacolas, roupas, enfeites, comidas, remorsos, mágoas, invejas, lamúrias, ressentimentos e toda espécie de peso em nossos ombros.
Por fim, ficamos totalmente soterrados e engolidos, desfigurados, irreconhecíveis, distantes demais do que já ousamos sonhar em ser. Não há espaço mais para acomodar a liberdade, não há braços para carregar os sonhos, não há fôlego para acompanhar a vida que passa.
Joguemos fora, portanto, o que nos limita os movimentos. Tenhamos coragem de nos desfazer de coisas e causas que nos paralisam. Necessidade é viver em paz! Necessidade é colecionar lembranças, acumular memórias, estocar conquistas, cercar-se de afetos.
Saiamos das trincheiras, de peito aberto para vida, sem escudos nem proteções. A vida passa rápido demais para sermos unicamente vigias dos nossos pertences. Pertençamos nós à vida, da forma mais livre possível.