terça-feira, dezembro 28

Retrospectiva 2010

Um ano osso duro.

2010 chegou com emoção zero, animação menos dois, esperança enferma, mas viva, como diz a sabedoria popular. Se eu ainda não tinha morrido, ai dela querer morrer antes de mim, contrariando toda a ciência e lógica dos ditos populares.
Então, chegou 2010. Oi? Você não acordou mais animada, com mais projetos, promessas e quilos a menos? Nem eu.

Um janeiro tenso, filhos viajando, mãe carente, o amado, idolatrado, salve, salve cachorro de 16 anos dando uns defeitos, calor, calor, calor... muita labuta, pouco chope, raríssimas risadas. Saldo: janeiro xexelento.

Fevereiro é carnaval... e eu não sei sambar, nunca soube. Não sei nem disfarçar. Desenvolvi uma implicância crônica com qualquer tipo de batuque. Então, fevereiro... calor, calor, calor... Bandas mil, a rua inteira com cheiro de xixi, tudo uma delícia. O salve salve cachorro precisa tirar tártaro e aí meu emocional avisa que vou ter que mostrar ao mundo que sou uma pessoa medrosa, insegura, chorona e desequilibrada! Ele tem 16 anos, vai tomar anestesia geral! Fevereiro foi o caos... Geração espontânea e acelerada de tufos de cabelos brancos. Fiquei velha em fevereiro, mas o cachorro sobreviveu com os dentes branquinhos. Comentários: Nossa, ele parece que tem 5 anos! Saldo: fevereiro só rejuvenesce quem sabe sambar e quem tira tártaro.

Marçoooooo... Nada acontece em março a não ser aniversário de alguns amigos. Talvez março não fizesse falta no calendário. Ninguém casa em março, não tem nenhum feriado legal, ainda está calor, calor, calor. Saldo: De março só lembro do mormaço.

Abril de 2010. Foi triste para os cariocas. As chuvas, as perdas, a incompetência de quem ganha a vida prometendo competência. O saldo de abril ficou submerso.

Em maio, quando o ano está brabo, a gente já começa a se animar porque o segundo semestre está chegando. É ou não é? Saldo: Maio aguardando junho e seus sucessores.

Junho é meu níver! Então, 45 anos, comemorei, ganhei presentes, fui muito querida, mas ainda não engatei a marcha certa. Não pelo amigos, minha jóias, meus tesouros. Mais pela má vontade com 2010 mesmo. Mas junho nunca é tão ruim, porque afinal, tem também o níver da minha herdeira universal, a coisa mais certa que já fiz na vida. Única? Não sei, mas agora não posso responder pergunta difícil, senão não consigo ir para julho. Saldo de junho: 21 anos de amor de mãe, que nem bandido tem coragem de negar.

Julho - férias! Julho é um mês que tem o poder de mostrar como minha existência é devedora. Mas trabalho isso há muitos anos e agora tenho coragem de confessar publicamente, como se estivesse numa roda de grupo de apoio: Oi, meu nome é Emilia, e eu nunca tirei 30 dias de férias na minha vida! Pronto, falei. Saldo: Aguardando palmas e mensagens de apoio.

Agosto não me venha com esse papo de desgosto, porque você nem sabe o que é isso! Sobrevive-se a você desde que o calendário foi inventado. Mas o negócio é curioso, porque justamente nesse agosto a bomba do Alzheimer mirou o meu telhado. Mas vamos com calma que ainda é uma suspeita. Saldo de agosto: Nada de pânico!

Em setembro podaram as árvores do terreno do meu prédio e a luz de fez de novo dentro do meu apartamento! Que alegria, corremos para encher os vasinhos e plantar qualquer coisa, porque, se entra sol, podemos ter plantas! Saldo: Vasos por todas as janelas.

Dediquei outubro a pensar em dezembro e 2011.Eu quís me antecipar (a que?). Planos, providências, coisas a fazer. Queria saber se alguém conhece uma pessoa assim, porque nem eu entendo bem o que me move. Em outubro minha vida ficou lotada de listas, planilhas e pesquisas. Saldo: já passou?

Em novembro eu dei piti! Mas já passou. Saldo de novembro: histeria.

Agora cá estamos, aos 28 de dezembro, torcendo a memória pra ver o que sai. O Alzheimer da mamãe está confirmado, portanto, precisarei ficar de olho nisso. Mais um ítem para a lista de 2011.

O que no final das contas ficou de saldo foi a certeza de que a vida segue seu rumo e não importa muito com que humor nós estejamos, portanto, a única promessa para 2011 será a de melhorar o humor e a forma de ver e perceber as coisas que são da vida.
Lidar com as mudanças, a velhice, a doença de quem amamos, tudo isso deve ser natural, já que não está sob nosso comando nem influência. Experimentar um olhar mais "menos" para tudo o que não é importante.
Importante é saúde, família (leia-se parentes e bichos), amigos, o próximo, os momentos que a gente constrói. Sem importância é a mancha no sofá, a unha quebrada, o banco zerado. Isso a gente lava, conserta, espera e trabalha.

Importante é segurar mãos nas nossas, pedir ombro, ouvir atentamente, falar despretensiosamente, olhar para o céu, molhar plantas, proteger bichos, cumprimentar, espalhar amizade, aceitar críticas, dar de sí.
Sem importância é reclamar tanto de um ano que só ofereceu oportunidades. Ficou a lição. Vem 2011 que eu te encaro!

Meu cartão de Natal

Puxa, ainda não tinha sentido a vontade de desejar Feliz Natal, talvez por me achar muito cansada ou preguiçosa, ou as duas coisas. Mas, despertando de um cochilo no sofá, aliás, coisa muito comum de uns tempos para cá, o Natal veio no pensamento com cor, sabor e cheiro. E, uma das coisas mais legais do Natal é desejar Feliz Natal! Então, como desejo e sonho com muitas coisas, não gostaria de deixar passar essa chance.

Desejo que esse clima de Natal nos contagie e que tenhamos tempo e vontade de refletir, de suavizar, de libertar, de eliminar, aconchegar, deixar passar, eternizar...tudo o que merece ser guardado; o que não deve ser mantido; o que não pode ser ignorado. Que a gente possa se afastar de hipocrisia para que a naturalidade encontre espaço; Que as mentiras sejam cada vez mais raras e tolas, para que a vida seja de verdade; Que as promessas não sejam necessárias, os engodos fiquem no passado, a malícia devolva o espaço ao que há de bom.

E para terminar, que o Natal do ano de 2010 seja um bom motivo para que todos nós amanheçamos 2011 cheios de vontade! O resto, virá.
Uma feliz noite de Natal a todos! Felizes dias em 2011 também!

Emilia

quinta-feira, outubro 28

Insônia, um tremendo pesadelo!

Sofreguidão. A definição mais honesta para as horas atormentadas de uma noite insone, agitada, suada, desesperada.

A palavra insônia sempre me remeteu à consciência- mais especificamente à que pesa, como se os insones tivessem a obrigação de pagar com olhos secos e arregalados, suas penitências e dívidas.

Pela manhã, no fundo de enormes olheiras, enxergo a ignorância rindo de mim, apontando o indicador e se jogando para trás com enorme prazer.

Insônia também faz parceria com a solidão. E é possível passar um dia inteiro com os olhos em poças de água para não esquecer, ou ao menos, não menosprezar essa presença ilustre. 

É fácil identificar essa companheira esfomeada, que devora o repouso, que bebe as energias que restam, Difícil é convidá-la a se retirar.
Imsônia come a sensatez, o prumo, a vontade. E palita os dentes com a enfraquecida vontade de acordar com boa disposição.

E chega o amanhecer, levando a noite e as esperanças de um soninho gostoso.
A aparência revela o caos vivido. O humor confirma, o corpo se arrasta.

A maior dúvida nesse momento é: Comprar um aspirador para juntar todos os cacos, ou uma mangueira para lavar tudo e levar para longe?
Guardar os cacos para se reconhecer ou apostar que a próxima noite será de mais sorte?

É necessária uma ajuda, amiga ou não, professional ou não. É imperioso descobrir como deixar o corpo e a consciência repousarem.  


É vital uma noite de sono e um sonho muito bom para o dia e as ideias amanhecerem mais vivos.

segunda-feira, outubro 18

Ponto de Vista



Eu tenho medo de altura.
Não chego nem perto de sacada do quarto andar em diante, não atravesso nenhuma passarela, sofro em escadas rolantes de shopping, choro em elevador panorâmico e não visito mirantes. Mas um dia, um dia bem lá no passado, eu quís ser alpinista. Vai entender. Seria a cura para o meu medo ou a confirmação de maneira mais patética possível? Pendurada, a três metros do chão, chorando copiosamente. A melhor parte, na época, foi desistir.
Ainda ontem, falando com uma amiga sobre medo e preguiça, eu defendia o argumento de que o medo não paralisa, a preguiça sim. Mas esse era o meu ponto de vista ontem. Hoje, para falar sobre o medo de altura, precisei voltar atrás. Quantas passarelas me recusei a atravessar, quantos potes de ouro deixei de encontrar, pois o arco iris também é uma senhora passarela. Aquela vista maravilhosa do mirante, da varanda, da janela! Eu não tenho fotos com essas vistas ao fundo. Tenho algumas das vistas, muito embora através de grades e telas de proteção.
O fato é que esse medo me paralisa e, nisso tudo o que mais preocupa é: se eu acredito que é melhor sempre estar no chão, em terra firme e seca, de preferência, que outras certezas podem estar se alojando sem que eu tenha esperteza para perceber? Se não entro em um elevador panorâmico, como posso deixar as idéias voarem alto e me trazerem novas inspirações e novos pontos de vista? Será preguiça de combater esse monstro das alturas e trazê-lo para que fique com meus 1,62m e então possamos travar um embate justo e conclusivo?
Se só vejo a linha do horizonte por um ângulo, é justo que ela me pareça sempre a mesma linha, embora não seja sequer uma linha. Só para complicar um pouco mais, meu ponto de vista tem incontáveis pontos cegos, além das paralisias que o medo fincou.
Mas, assim como a vida, o que gente vê tem o colorido que já está presente em nós, penso que a melhor e mais prudente atitude a tomar seja a ofensiva, o enfrentamento, engolindo seco e partindo pra briga.
Começo com as escadas rolantes, passo para as varandas e sacadas e quem sabe, atravesso uma daquelas passarelas medonhas. Nas escadas vou pensar em elevar meus pensamentos e dar colorido a todos eles; nas varandas, vou buscar que ainda não pude ver e apreciar; por fim, na passarela, tentarei exorcizar todos os demônios que me seguram com força para que, enfim, eu atravesse livre e feliz, como era quando olhei para uma montanha e sonhei ser alpinista. Esse é o meu ponto de vista, hoje.

domingo, setembro 12

Secura e fartura!


Cá estou eu, aguardando pacientemente o material que um dia virá a ser um delicioso livro, mas nada, não chega. Minha amiga, a autora, já andou sinalizando que não está "fluindo" como esperado. Eu não creio (creio nela, não na vazão ou falta dela). O tempo é pouco mesmo, a mulher - menina - faz sete coisas de uma só vez, ainda escreve, canta, dança, bate palmas e, de vez em quando, senta para tomar um café com as amigas. E fala, héin, como fala.
Aí, um dia ela manda um textinho,a primeira página do livro, mas faz uma observação: Não "saiu" tão redondinho quanto gostaria. Eu amei!
Ela prometeu mais. Mas agora, estou preocupada. Não ansiosa. Nem apressada. Só quero ver esse projeto-sonho-desejo fluir, porque ela sabe que, pode até parecer secura, mas, procurando direitinho, vai encontrar o oásis para refrescar as idéias. Até porque, combinado é combinado e ela sabe do que estou falando.
Como uma formiguinha, daquelas mais trabalhadoras do formigueiro, ela não gosta de parar nem para descansar. Mas agora vai parar na marra, só um pouquinho, vai consertar uma coisinha que deu erro, vai reparar as janelas da alma. E vai ficar de repouso uns dias, mas sem escrever. Então, muito justa é a minha preocupação de receber logo as novas páginas, senão a secura vai ser minha.
Se for preciso, vou esperar, com sede. Mas rezando para os colírios lavarem os olhos e a inspiração, pois o que ela precisa, a menina, é se expandir! Que aproveite essa parada estratégica para recarregar e turbinar a alma inquieta e curiosa.
Eu rezo por sua saúde e agradeço o privilégio deste lugar na primeira fila.
Até na secura, fartura.

terça-feira, agosto 3

Da série: Você sabe...

Você sabe que mora num lugar apertado quando: Pode usar o aspirador em toda a casa e fazer curvas incríveis sem trocar o fio de tomada.
Tô voltando...