quarta-feira, novembro 30

Comece o dia amando mais você!

A cada gesto de amor próprio, uma ilusão se despede. As qualidades que a gente atribui ao outro, são as nossas próprias que a gente quer ver em reciprocidade. E não é sempre que isso acontece. Desilusão é esperar uma troca que jamais acontecerá.
Comece o dia amando mais você! Dessa forma, não será preciso aceitar o mínimo, suplicar o possível, sonhar com o inatingível. Seu amor e seu zelo tornam-se escudos protetores, verdadeiras muralhas que impedem a entrada de sugestões ciumentas, comentários invejosos, dicas mesquinhas, inspirações derrotistas.
Somos amados, sem dúvida alguma. Nem sempre do jeito que desejamos. Quase nunca na intensidade que sonhamos. Raramente por todos os que elegemos. Muitas vezes nos contentamos com o amor idealizado, desculpado, esfarrapado. Mas não ousamos nos amar mais para suprir o que falta.
Comece a tarde amando mais você! Se sobreviveu à manhã de expectativas por novidades e grandes surpresas, e por fim a rotina prevaleceu, comece a tarde em total amor por você!
Despeça-se das promessas vazias, da esperança enfraquecida, da ligação que não recebeu, das desculpas que não interessa mais ouvir.
Ainda somos amados, tantas vezes secretamente, outras aberta e sonoramente! Que valor atribuímos a esses amores? Estarão eles perto demais para que possamos enxergá-los sem a vista embaçar? Seremos nós pessoas que preferem o amor de longe?
Quando a gente se ama mais, aprende a aceitar o amor que nos oferecem.
Comece a noite amando mais você!
Relaxe, descanse, desacelere, deixe as perdas do lado de fora da porta, derretendo no capacho. Sacuda a indiferença, a ingratidão, o orgulho ferido e as desilusões antes de entrar no seu mundo particular. Faça dele o paraíso, ainda que muitas vezes solitário.
É certo que companhia nos faz um bem enorme, mas na falta de uma, não podemos negar a nossa própria e deliciosa companhia a nós mesmos. Se a gente não acha, quem o fará?
Termine o dia amando mais você. Se o dia terminou para você, lembre-se de que é uma pessoa de sorte e muito amada. Não há garantias para o dia seguinte, a hora é agora!

sexta-feira, novembro 25

É possível que eu volte atrás…e não ouse me julgar

É possível que todas as minhas certezas e determinações sejam frágeis e gasosas, embora tenha eu afirmado e confirmado que é o certo, o necessário, o melhor para a vida.
É possível também que eu não tenha resolvido as coisas com você ou comigo como deveria, deixando pensamentos magoados aparecerem vez por outra, permitindo uma série de divagações e senões, se tudo tivesse sido diferente.
É possível ainda que eu esteja aguardando que algo novo aconteça, que me surpreenda e me arrebate, que não demande meu único esforço e já chegue pronto para transformar minha vida.
Tem dias que a gente acorda com coragem transbordando, que a gente toma as famosas decisões do “para sempre” e “nunca mais” com potência nuclear, repetindo seguidamente todos os argumentos que reforçam a conclusão. Tamanha é a vontade de se proteger, de não mais errar, de bloquear e mandar para longe o que possa magoar ou decepcionar.
Somos assim, temos instinto de sobrevivência mas também temos e somos feitos de uma esperança emotiva, que nos apóia quando resolvemos dar aquele passo atrás e tentar sucesso mais uma vez, a despeito do histórico de fracassos.
O controle total e exclusivo das decisões nos coloca em posição ingrata, onde não há troca nem consentimentos. Saber o que é melhor para si é excelente, mas daí a sufocar um gesto espontâneo unicamente por prevenção, sei não…
É possível que os palpites errados sejam maioria, é possível ainda que tenhamos uma forte tendência para encontrar confusão, mas essa é a natureza das lutas, do aprendizado, do que por fim dá gosto e valoriza a boa conquista, a real satisfação.
É possível que, ao olhar para trás e buscar nova tentativa ou recomeço, enfim eu consiga enxergar que o melhor caminho é o futuro.
Tudo é possível!

segunda-feira, novembro 21

Por um amor contagioso, mas nunca infeccioso!

Se é para ter cuidado, se imunizar, contribuir com o destino, incrementar a sorte, que seja por um amor contagioso, vibrante, avassalador, febril. Aquele tipo de amor que revira o estômago, faz o coração perder o compasso e alma sonhar em cores e perfumes.
Um amor contagioso arrebata a vida, acolhe os amigos, é adotado pelas famílias, se integra e espalha, deixando sementes, criando raízes.
Fortalece as relações ao invés de ameaçá-las.
Adiciona seu toque individual e é reconhecido por isto.
Divide interesses, busca os pontos de contato. E se não forem muitos, cria novos, em nome do amor.
O contágio é saudável, a conquista é em doses crescentes, sem exageros nem intervalos demasiado grandes.
Um amor que contagia pela verdade, desde a incubação.
Esse é o amor que a gente espera inocular, inalar, absorver. E esse é o amor que a gente precisa oferecer, se estiver com a imunidade em dia.
O amor infeccioso é um tipo perigoso, que já chega destruindo defesas, separando elementos que antes conviviam bem, enfraquece e abate.
Esse tipo não é raro e geralmente se instala como uma gripe, derrubando todas as defesas.
O amor que infecciona é aquele que maltrata, que não se compadece com a dor, com o sofrimento, com as feridas expostas. Ele fica porque encontrou ambiente confortável, a despeito do mal estar do seu hospedeiro.
E vai minando as forças, se alimentando do que não lhe pertence, comprometendo a integridade e a sanidade de quem caiu de amores e permitiu o contágio.
Se for impossível evitar o amor doente, o contágio e a infecção, que a busca pelo combate à doença e reconquista da imunidade seja uma prioridade, uma real questão de sobrevivência e cura.
Uma vez restabelecidos, estaremos em plena forma para os bons e contagiantes amores que pairam no ar!

sábado, novembro 19

O jardim das amizades. Um oásis entre pedras e desertos.

Vasos, jardineiras, jardins e campos. Amizades plantadas e florescidas!
Amizades são plantas que oxigenam a vida! Enfeitam, nutrem, curam, dão sombra, oferecem frutos e flores!
Amigos são ervas medicinais. Dão por vezes os chás mais amargos e curadores que remédio algum surte efeito igual.
Amigos são flores de beleza rara. Os únicos que conseguem mostrar as verdadeiras cores da vida naquele momento difícil de continuar.
Amigos são temperos frescos que perfumam a vida.
Amigos são árvores frondosas que acolhem e convidam pra gente descansar na sombra.
Amigos são vegetais e hortaliças da melhor qualidade que nutrem e ajudam a manter nossa saúde.
Muitas amizades brotam cedo. E nos acompanham por toda a vida.
Outras, ganhamos de repente, como vasos de flores que nos trazem imensa alegria e nos esforçamos para manter as floradas.
Essa flora diversa de bons amigos exige pouco. Um pouco de água, outro pouco de luz, uma mexida na terra de vez em quando, atenção e carinho.
Se exigirem mais do isso, podem ser plantas daninhas. E cada um sabe o que lhe cabe cultivar.
É nossa responsabilidade manter o frescor e a vida plena das amizades que cultivamos pela vida afora. É trabalho sério, o retorno digno por tanto o que recebemos, que não é pouco.
Ser grato a um amigo é ser também a plantinha que de vez em quando perfuma o seu dia e o faz lembrar da importância dessa amizade.
A terra é boa, o sol é generoso, sementes e água estão disponíveis.
É nossa escolha plantar ou colecionar pedras.

quinta-feira, novembro 17

Não adianta espernear! Em apenas meia hora a vida pode mudar e muito!

Certeza é uma coisa que não nos acompanha. A gente pensa que ela anda de mãos dadas conosco, que gosta de estar por perto, mas não. Certeza é um bicho arisco que não tolera arreios nem coleiras. Anda livre e faz o que bem entende. Volta de vez em quando para beber uma água, comer um pouco e aliviar nossa eterna preocupação.
A certeza é parceira da vida nas questões de futuro. Nenhuma das duas dará pistas sobre o minuto seguinte. Podem, no máximo, concordar com alguns de nossos planos e incentivar as decisões. Mas, se tiverem que virar tudo de cabeça para baixo, não vacilam.
A ausência da certeza, dá lugar a convidados nem tão bem-vindos: E vão chegando pouco a pouco e se instalando sem cerimônias, a insegurança, o medo, as gêmeas: paranoia e neurose, por vezes, a depressão.
Lidar com a falta de certezas pode ser tarefa dolorosa. Queremos respostas definitivas! Precisamos mapear possibilidades e rotas de fuga!
E nos frustramos vez após vez, pois que em meia hora a vida vem e bagunça tudo. E só nos resta reagir ao novo, ao improvável, à situação do momento.
É preciso fibra, coragem, espírito de luta e resistência. A corda bamba da vida balança ainda mais quando nos vê medrosos, vacilantes, inseguros.
Em meia hora a gente recebe uma notícia linda ou um diagnóstico desolador. Em meia hora vem aquela ideia que resolve um super problema ou o banco quebra e leva nossas economias.
Em meia hora a gente decide fazer as pazes ou romper para sempre. Em meia hora o rosto se ilumina com uma presença nova na vida, ou a gente até morre.
A meia hora pode durar um instante ou grande parte da vida e aí vai o mistério que não deixa as certezas fazerem ninho.
Conviver com as meias horas da vida é se abrir para os movimentos que não temos autonomia para fazer sozinhos. Podemos contribuir, devemos lutar, resistir, não entregar o jogo, mas precisamos mais do que tudo, entender que não sabemos onde nem quando vamos chegar.
O foco é o minuto vivenciado, a respiração completa, o coração pulsante e o desejo de mais meia hora, sempre!

terça-feira, novembro 15

Pisaram no meu castelo de areia. E agora?

Sabe aquele sonho que a gente alimenta e acalenta, muitas vezes durante toda a vida, acrescentando elementos, alterando personagens, dando vida e emoções a todos os detalhes cuidadosamente pensados? A nossa novela pessoal onde tudo acontece como achamos que deve ser? Esse sonho é o nosso castelo de areia que onda nenhuma desmancha e chuva alguma leva, porque é muito bem protegido e escondido dos perigos que a realidade oferece.
Isso é o que a gente pensa e quer, a imunidade que também completa o sonho perfeito. Mas de verdade, essa praia é muito mais perigosa e habitada por todos os tipos de intenções e sentimentos. Alguns são cuidadosos, carinhosos, amáveis. Desviam com delicadeza do nosso castelo para não derrubar um grão de areia sequer. Outros, de tão amistosos e parceiros, trazem enfeites e cores para a nossa construção. Chegam a adivinhar o que estamos querendo ou necessitando.
Outros contudo, pouco se importam, ou, de propósito mesmo, passam arrastando os chinelos e derrubando o que estiver na frente. Esses são os insensíveis, os endurecidos, orgulhosos, durões para destruir, covardes só para aparecer.
E o castelinho, embora frágil e temporário, fruto do nosso esforço e capricho, é alvo fácil para quem não tem intenção alguma de construir junto. É presa indefesa para aquela intenção predadora que sente fome de destruição.
E um dia, de fato pisam nele, não só desmontam uma torre, uma ala, mas sim a estrutura toda. Como faz para recomeçar um sonho, um projeto, uma ideologia tão pessoal? Como conviver com duras e magoadas lembranças dessa destruição? Melhor que a onda tivesse levado, que o vento tivesse derrubado, porque assim seria um acidente, a gente pensa. Ruim é saber que há uma culpa, uma intenção oculta.
O bom senso aconselha que a vida sempre segue e a praia é grande e areia não falta. Bora começar novamente, talvez com a lição de que um castelo é coisa demais para vigiar por toda uma vida, com detalhes e tesouros demais para proteger.
Bora buscar um sonho mais simples, mais espontâneo, que inclusive possa ir mudando de forma, de lugar e de importância, à medida que as conquistas forem chegando!
E dessa forma, não haverá pé que chute ou pise o que não consegue alcançar!

segunda-feira, novembro 7

Não me intimide, não me assedie! Seja você quem ou o que for!

Seja por autoridade, por excesso de intimidade, seja por pura maldade ou somente por vaidade… Não me imprense na parede, nas suas neuroses, carências e crenças.
Eu sou livre por natureza, submeto-me somente a mim e, acredite, foram inúmeras as vezes que eu mesma me intimidei. Me intimidei quando tentei agradar sem ser natural, me coagi quando me coloquei em lugares e situações que não desejava, me violentei quando aceitei regras e condições das quais discordava.
E o caminho para reparar e recolocar a vida no lugar é pedregoso, escorregadio. Nesse tabuleiro, a gente anda quatro casas e antes de comemorar, volta duas.
Portanto, não me ameace! Não imponha condições, não me chantageie, não apele para a pena nem para a admiração teatral. Não me force a não ser espontânea.
Não me constranja exigindo escolhas que não tenho intenção de fazer.
Não me culpe nem me responsabilize por eventuais decepções.
Não me assedie com padrões e formatos.
Não me amedronte, não apele para nenhum tipo de covardia…
Lidar com as questões pessoais já é pressão suficiente para qualquer um, e nem todos os dias são iguais; nem sempre estamos dispostos a matar leões, enfrentar depressões, sufocar reações.
Portanto, nem por um minuto me intimide. Não perca seu tempo tentando me acuar, seja você uma pessoa amada, uma amizade considerada, uma parceria de trabalho, um familiar mais autoritário, um sonho acalentado, uma ambição descontrolada.
Não me empurre contra o nada, não me tire da estrada, não seja você a embaralhar as peças do meu jogo.
Assédio, só o da vida me intimando a não recuar!

domingo, novembro 6

Tem amor de sobra? Escoe para onde falta.

Amor é fonte generosa. Multiplica-se, propaga-se, encontra caminhos e maneiras de tocar seu objeto de afeição.
Amor em demasia sempre vem acompanhado daquele apego que gruda, do ciúme que intimida, da dependência que aprisiona. Se há amor sobrando, é preciso escoar, descobrir alternativas, manter saudável o nível e o humor deste amor.
Amor mau humorado resmunga.
Amor em exagero sufoca, afoga, asfixia.
Se já é tarefa árdua tentar equilibrar as trocas de amor, impossível avaliar o que fazer com o amor excedente, o que transborda, que, longe de ser recusado, simplesmente sobra numa relação que não o comporta.
Amor que sobra tem que ser escoado. É imperioso encontrar um caminho diferente, uma forma de distribuição mais justa e coerente, o resgate de afeições esquecidas e carentes desse amor.
Somos seres cercados de amor por todos os lados. Família, amigos, colegas, companhias eventuais, personagens da rotina diária, exemplos, admiradores. Em tudo colocamos ou esperamos amor. Do mais rasteiro ao mais profundo, guardadas as escalas e proporções.

Canalizar para apenas um afeto é sentença de morte e transformação desse amor em outro sentimento, quase sempre oposto. É preciso distribuir, escoar, deixar fluir, sem retenções nem exceções.
Ninguém dá conta de um amor exclusivo e integralmente seu. A oferta faz bem somente para a vaidade, porque na real, esse amor vira um grande e pesado fardo, terminando por ser jogado de lado e trocado por um amor mais leve.
Amor é estrela de várias pontas e quem opta por utilizar a luminosidade de apenas uma em potência máxima, acaba por se sabotar e colapsar o equilíbrio do que deveria ser um sistema claro e justo, queimando e ferindo quem estiver em sua direção.
Quem consegue irradiar amor, não precisa sequer esperar reciprocidade. Ele volta, na medida certa.

Publicado em Conti Outra em 06/11/2016.

sábado, novembro 5

(Des)apontamentos sobre plágios e apropriações…

Não ponha as minhas palavras na sua boca com o intuito de torná-las suas. Nem tampouco nas pontas dos seus dedos com o objetivo de assinar por elas.
Não disfarce meus relatos com parcas e maquiadas frases entrecortadas. O que veio de mim jamais terá a sua identidade.
Não ouse aprisionar meu estilo dentro do seu formato inexpressivo.
Ainda que não reconheça os justos créditos, você sabe e sempre saberá que as ideias não lhe pertecem, que foram roubadas, camufladas, usurpadas.
Não se intitule criatura criativa. Criação é outro ofício. Copiar não é criar. Sequer é se inspirar.
Não omita meu nome, não cole o seu por cima, não faça o papel de papagaio repetidor, não apele, não pense que a impunidade é duradoura, que os elogios lhe pertencem.
Eu expresso o que vivo, o que quero viver, o que observo, o que sonho. Expresse você também, do seu jeito. Não trapaceie, não roube, não engane os que acreditam em você.
Plágio é um troço invejoso e infantil. É como abrir o armário alheio, roubar o que agrada, deixar a porta aberta e as coisas esparramadas, disfarçar com alguns acessórios e sair desfilando na rua, aguardando suspiros de admiração.
Originalidade não aceita disfarce. Qualquer tentativa denuncia o impostor.
Vivemos uma era de reconhecimento de valores, de busca por igualdade de direitos, justiça social, luta contra desigualdades. E se apropriar do que é alheio, sejam palavras, argumentos, sentimentos ou mesmo desejos, fica ainda mais feio e inaceitável.
Para você, pessoa CTRL C/ CTRL V , eu desejo fortemente que encontre e desenvolva suas próprias habilidades, ou, ao menos, reconheça, admire e aproveite as criações alheias sem tomá-las para si. Dê um CTRL Z nas cópias mal feitas que espalhou por aí e mostre ao que veio, o que tem de original e interessante para compartilhar com o mundo!

quarta-feira, novembro 2

Quero meu direito de ser dramática!

Nem sempre, mas às vezes. Quero fazer e viver meu drama, me jogar na cama, passar horas lamentando um recado malcriado, uma unha quebrada ou uma mensagem ignorada.
Não quero ser sempre equilibrada, bem resolvida, analisada. Quero o direito de viver minhas reações, entender minha emoções, sucumbir às tentações e me arrepender de decisões.
A busca pelo equilíbrio é injusta. O mundo anda desequilibrado. Tem momentos em que um gemido vale bem mais do que uma longa explicação, um choro sentido alivia enormes tensões, e aquele desabafo repetitivo acaba por fazer sentido e acalma o coração.
O drama é uma forma exagerada, lamentosa, dolorida de vivenciar certas questões. O drama pertence mais às mulheres, embora muito homem saiba fazer drama como ninguém.
O drama dá peso, forma e consistência para um problema. Personifica, divide-se em capítulos, episódios, com avanços e retrocessos.
Quem faz o drama busca representar a intensidade do seu caso. Os exageros ganham licença poética para os dramáticos. É simplesmente impossível fazer um drama sem exageros e floreios.
O drama busca atenção. Quando estou dramática, estou carente. E quando estou carente, quero chamar a atenção de alguém. Uma equação de fácil resolução e, com alguma generosidade da parte que assiste, nenhuma repercussão.
O ser dramático opta por sofrer mais, por reter a dor por mais tempo, por detalhar em minúncias um ocorrido e sentir cada etapa em intensidade máxima.
Mas, e se for dessa forma que o ser dramático resolve suas questões, e segue em frente? Que obrigação temos de ser igualmente racionais, resolvidos, silenciosos e equilibrados?
Quero e exijo o meu direito de ser dramática, de viver minhas novelas mexicanas pessoais, de me despedaçar, emocionar, exagerar, decepcionar.
Quero acima de tudo, o direito de lidar com o que me chega, do jeito que sei, para aprender a transformar os dramas em êxitos, caminhos e soluções. E que cada um faça do seu jeito!

terça-feira, novembro 1

A zona de conforto torna a vida uma zona!

Acabou-se o que era doce. Ou, adoçado, artificialmente, amargando no final. Zona de conforto é uma zona perigosa, um cobertor áspero e embolorado, embora quente.
As boas ideias não frequentam as zonas de conforto. Grandes realizações tampouco.
Zona de conforto é aquela janela que se abre justo quando os mosquitos estão querendo entrar. Ela traz um ar refrescante a princípio, mas logo depois começam as picadas e o desconforto.
Está tudo bem, no lugar e na rotina? Então está tudo mal, está uma zona! Assim que acontecer uma minima alteração, a menor besteira, a reação vai ser catastrófica, exagerada, desequilibrada. A zona de conforto faz isso, embota aquele alerta que a gente tem, aquela reação ninja de escapulir de uma cilada arranjada, uma pernada mal dada, uma pedrada lançada.
Confortável é a luta diária, cada conquista, cada meta alcançada, cada minuto vivido. As frustrações são importantes para a valorização dos êxitos. O jogo é de ganha e perde, e o ato de amadurecer conversa diretamente com essa capacidade de enfrentar derrotas e comemorar vitórias, sem arrependimentos nem humilhações.
A zona de conforto nos mantém nenéns. Quando nela, fazemos biquinho, colocamos o dedo na boca, abrimos o berreiro e soltamos as maiores malcriações se contrariados.
A vida contraria e quem quer aproveitar, vê vantagem até nisso.
Quem não quer, senta e chora.
Acordar todos os dias e escolher que emoção queremos como companhia, como desejamos nos sentir, o que nos move e qual caminho tomar. Isso é desafiar a zona de conforto, o tédio, o medo de encontrar um mundo maior e diverso.
Sair da zona de conforto é somente um primeiro passo, mas, tão grande e importante, que, ao atravessar essa etapa, será impossível voltar. Um novo caminho se desenhará.