domingo, abril 30

O lado bom das coisas ruins pode ser ótimo!

Me perdoem os pessimistas, mas eu vivo em constante estado de otimismo, e em alguns momentos, euforia! Não há tempo a perder nem desperdiçar com rancores, lamentos, vinganças ou teorias.
Quando uma coisa ruim acontece, geralmente nos perguntamos porque fomos os premiados, ou, para os mais controladores, por qual razão não foi possível evitar. E para isso não há resposta. Para algumas coisas, nem solução. Resta somente a conformação. Mas não é dessas coisas que estou falando.
Coisas ruins mais corriqueiras, mas ainda ruins, que nos aborrecem, nos desiludem, entristecem, desapontam e nos tornam descrentes… Ingratidão, traição, aquela rasteira inesperada, o tratamento desigual, um esquecimento importante, enfim, coisas ruins.
As coisas em si, não. Mas quem as cometeu, esses são os sujeitos da nossa chateação.
E lá vai o tempo, usado sem qualquer parcimônia, simplesmente para analisar, julgar, condenar e jurar volta aos réus dos crimes que cometeram contra nós.
Porque somos assim. Quando fazemos, pedimos desculpas. Quando sofremos, não gostamos de perdoar. E quando perdoamos, não esquecemos, arquivamos. E vez por outra vasculhamos o arquivo para mantê-lo vivo e ativo.
A única coisa que não temos costume de fazer é agradecer aos mesmos réus, pelo bem decorrente das coisas ruins que nos fizeram. Mas, e se não houver nada de bom? Sempre há, decerto. E mais do que isso, o lado bom das coisas ruins, geralmente é ótimo.
Poderíamos passar toda uma vida sem aprender nada, não fossem as coisas ruins que nos chegam. Elas nos ensinam, nos preparam, nos trazem mais sabedoria do que qualquer livro ou conselho. Só aprendemos o que é o bem, quando entendemos o que é o mal. E então podemos inclusive, escolher.
Nosso desvio é focar somente em quem trouxe a coisa ruim. E ficar com raiva ou tristeza. Tantas vezes nem vale à pena tamanha carga de ressentimento. Cada qual faz o que julga ser melhor, ainda que seja uma coisa ruim.
Ao contrário de buscar razões e penalidades, pode-se tirar o máximo da situação e recolher todas os ótimos ensinamentos decorrentes das coisas ruins.
Dessa forma, até o tempo trabalhará a favor. Não sejamos bobos. Quem perde tempo com revanche é jogador trapaceiro e perdedor. Precisamos aprender até a perder o jogo e ver coisa boa nisso. É o jogo da vida.

sábado, abril 29

Não tenho medo de altura. Tenho medo é de cair!

Tenho medo de altura porque tenho medo de cair, mas subir é ótimo! Encantar-se com a paisagem sob uma perspectiva ampla e livre, respirar ares diferentes, sentir o vento mais fresco.
Mas, por medo de cair, atribuo a responsabilidade à altura que ainda me brinda com uma louca vertigem.
Na vida, tenho medo da rejeição, então, muitas vezes nem me arrisco. Não subo mais do que dois degraus e fico aguardando a mão que pode me segurar e amparar. Essa queda, não vou sofrer, nem tampouco saber como seria o horizonte de um ponto de vista mais alto.
Trazemos conosco muitos medos de cair, sem nos darmos conta de que caímos mesmo quando estamos no chão, pisando nas sólidas certezas que carregamos.
Arriscar é enfrentar a vertigem, ignorar o labirinto, dar um voto de confiança à curiosidade que fica lá no final da escada. Tentar chegar em algum lugar diferente do habitual, subir conceitos, escalar relações que ofereçam outra perspectiva, outro olhar, outro horizonte.
Cair é sempre uma possibilidade, mas não por responsabilidade da altura, não pela vontade de subir, de convidar a vida a apreciar outro cenário. O que provoca a queda é o medo de cair.
E o medo desequilibra. O medo faz vacilar, desacreditar, não tirar os pés do lugar. O medo balança estruturas, faz escorregar, fechar os olhos, encolher movimentos, ímpetos e vontades.
Toda escalada oferece perigos, mas também nos presenteia com momentos únicos e eternos. A vida chama a todo instante, através de encontros e descobertas.
Da próxima vez que a vida me convidar a subir um pouco mais, não tornarei a repetir que tenho medo de altura. Sequer mencionarei o medo de cair. Abrirei bem os olhos, segurarei firme na vontade de ser ainda mais feliz, e subirei sem medo, até onde a coragem me sustentar.

sexta-feira, abril 28

Por vício, continuaria apostando, mas hoje, passo.

Por vício, continuaria a esperar por uma novidade, sonhar com uma surpresa, imaginar uma súbita emoção batendo à porta e me convidando para a festa que não tem fim.
A gente vicia em imaginar. E detalhar. E apostar que um dia vai acontecer. Pode acontecer de fato, mas não por conta das apostas, nem por tudo o que já foi feito de moeda de troca.
Apostar o próprio tempo, deixar que seja usado e controlado, contido e descartado, pode ser perigoso. Apostar esperanças, ainda que as probabilidades aconselhem o contrário. Apostar lances perdidos. Em mãos e conteúdos vazios…
A gente aposta pela emoção que pode ser o prêmio.
E repete: só mais essa vez, só mais essa vez. Agora vai!
A sorte fica com toda a responsabilidade de criar e rechear as situações. Se nada acontecer, não foi um dia de sorte.
E a gente senta com as fichas em montinhos e vai se esvaziando, minguando, esperando a sorte chegar.
Mas a sorte é dinâmica, gosta de movimento. A sorte não cai em colo conformado. A sorte corre atrás de quem corre ao seu encontro, com a mãos livres, sem fichas para carregar.
E por vício, aposta-se a própria liberdade, tentando a sorte de quem a queira para controlar. Por vício, o futuro vira garantia, caso a aposta seja perdedora.
A vida não aposta nada. Não senta de frente com a gente disposta a tomar o que temos. Nós entregamos por vontade e por vício. Ao contrário, a vida sempre nos oferece algo, mas, por vício, preferimos apostar que não.
Hoje, eu passo. De agora em diante, não aposto mais com a vida. Aposto contra a covardia que tenta me paralisar e me colocar diante de jogadores preguiçosos e indiferentes, que também apostam somente por vício.

segunda-feira, abril 24

Rompimentos não me assustam mais. Sou muito boa com finais.

Não se trata de ser volúvel ou inconstante, mas sim de perder o medo de perder. Nada nem ninguém é posse de outra pessoa. Há começos e finais.
A grande dor é passar o tempo prevendo ou tentando adiar um final. Na tentativa de manter uma vontade viva, contorna-se o muro à frente e abre-se um caminho alternativo, mas certamente a chegada será em outro ponto. O plano inicial de fato chegou ao fim, e outro nasceu a partir desse final.
Eu já alimentei fartamente o medo dos finais. Não conseguia aprender e ver vantagens nas etapas que se concluíam. Lamentava cada final de ciclo como se fossem perdas, e, na verdade, ninguém perde nada do que não possui.
Também tive muito receio da vida que corria bem, pois que em algum momento a calmaria haveria de ter um final. E ele sempre chegava. E ele também passava, se transformava, virava outro começo.
E em algum momento, todo esse medo se transformou, ainda com muita resistência e apego, mas se foi. Agora, sou muito boa com finais. Não os provoco, não os procuro, mas os respeito e aceito sempre que consigo entender que são o caminho mais saudável e portas para os recomeços.
Rompimentos são tão dolorosos quanto os começos, mas não percebemos por conta da excitação inicial… e da mágica alegria que só se apresenta nesses momentos. Mas os começos são povoados de dúvidas e ansiedades. E, creia ou não, isso também dói.
Rompimentos são conclusões argumentadas, são respostas que preenchem as lacunas. Não exatamente o que gostaríamos, mas o golpe de misericórdia para acabar com situações arrastadas, vidas finalizadas, energias esgotadas, vontades desencontradas.
Os finais sempre levam alguma coisa de nós. Já me levaram amores, amigos, saudades, arrependimentos, desejos. E deixei que levassem tudo, sem muita briga nem revolta.
A cada final que se aproxima, me preparo, me despeço, me desculpo, desapego do que será levado e só o que peço em troca é coragem.
Coragem para abrir bem os olhos e enxergar claramente o que começa a partir desse final, que já não ameaça mais.

No modo “quase”, a vida não anda

Eu quase fiz isso ou aquilo, quase tive coragem, quase me arrisquei, quase decidi. Eu quase vivi, mas não o fiz porque estava quase indo, quase voltando.
Se alguém te disser que está quase resolvendo uma questão, esqueça ou repense a importância. Quase é nada. Quase é cogitação aguardando a coragem chegar. E quase sempre, ela não comparece.
Quase é o relógio esquizofrênico que anda para frente e retorna, frustrando as horas de quem espera.
Quase é a certeza na promessa que não se concretiza.
Estamos quase lá significa que não estamos em lugar algum. Ou, pelo menos, não aonde gostaríamos. Não há quase que satisfaça, porque não há um quase desejo.
A gravidade do quase se mede pelo tempo que ele consome. Quem diz que está quase resolvendo assuntos ou decisões urgentes não para si, dificilmente percebe como esse tempo do quase se arrasta e consome quem aguarda.
Quem prefere quase porque acha o não muito forte, não sabe o quão forte é a decepção de quem se equilibra na corda do quase. Um tombo bem poderia ser mais honesto.
Quase é frustração, é falso gozo, linha de chegada que se afasta.
-Ah, eu quase contei toda a verdade, mas não encontrei o momento certo…
-Estava quase resolvendo o que combinamos, mas voltei atrás por este ou aquele motivo…
-Quase te liguei, quase te encontrei, quase te mandei aquela mensagem, mas apaguei…
O quase é a bengala da covardia. Uma vez citado na frase, faz o papel de suporte. Também pretende ser um anestésico, já que o quase é suave e o não é rude. Ainda lamenta-se, mas com esperanças de que o quase amadureça e vire ação.
Quase acho o quase inocente, mas em pouquíssimas situações. Na maioria delas, o comparo àquela pessoa educada e de fala mansa, que ainda assim, não hesita em fechar portas e rejeitar o que não lhe convém, delicadamente, ainda que às custas da confiança e paciência alheias.
Na vida de um quase, nada nunca terá firmeza. Mas quase.

terça-feira, abril 18

O que eu passei, já passou!

Se há uma dura tarefa a cumprir, é a de deixar no passado o que pertence ao passado. Arrastamos o ontem como um troféu ponteagudo que, embora conquistado, nos fere a cada toque.
E desenrolamos o pergaminho do passado com uma insana riqueza de detalhes, utilizando todas as licenças poéticas disponíveis, porque até para a dor, romantizamos o quanto podemos. A piedade conquistada nesse momento nos alimenta, ainda que seja indigesta.
Todo mundo tem um passado, todo mundo já sofreu traumas, abandonos, rejeições. Há quem tenha sido largado por falta de amor, há também quem tenha sequer registrado a indiferença com que foi tratado. Há infinitos passados em cada um de nós.
As desordens da vida não são culpa do passado, que não deveria ser tão demonizado assim. A gente fala de passado como se fosse um maníaco insensível e insaciável. Mas o passado é o que somos.
Acabei de olhar para trás e esse momento já é passado, vivido por mim. É o que sou, do jeito que me virei, a maneira como olhei e o que entendi do que vivi.
O que eu passei, passou. Vivi coisas incríveis, mas comi muito capim também. E –surpresa- não ganhei o o passe livre para a felicidade e sossego no futuro. O passado é hoje, há um minuto.
A vida é uma dinâmica que não comporta esse excesso de bagagens e histórias. Pessoas, cenários, reações e certezas se alteram numa velocidade absurda.
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O saudoso passado arrastado ainda tenta ganhar o lugar do presente e sonha em interferir no futuro, como um tutor que tudo sabe porque tudo já passou. Mas o que ele sequer desconfia, é que além de passado, já foi ultrapassado pela vida que quer e sabe como conquistar o seu espaço.
De minha parte, fico com a empolgante tarefa de a cada dia, limpar o quadro, preparar os pincéis e a aquarela, porque o grande presente é fazer do passado um sábio aliado.
O que passei, passou.

segunda-feira, abril 17

Refazendo as contas. Por que doar-se tanto em troca de tão pouco?

A disposição nos conduz, a vontade mostra o caminho, o objetivo é sempre o êxito.
Nas relações, a troca é aguardada, todo mundo espera ter um relacionamento do tipo: ganha-ganha. Ninguém jamais entrará disposto a doar-se por menos do que investe.
É possível que a generosidade bagunce um pouco essa conta, mas até o altruísmo tem limites. Não há sentido em esvaziar um pote para encher outro, da mesma forma que não há cabimento consumir uma vida para lotar de atenções e cuidados a outra. A troca precisa ser equilibrada.
As relações familiares arrastam muitas balanças pendentes, que, em algum momento, arrebentam e espalham todo o conteúdo pelo chão e pelas afeições, trazendo cobranças inesperadas, mágoas, ressentimentos e rompimentos doloridos.
A balança dos amores é delicada e sensível. O que é de comum acordo repousa no prato do equilíbrio, até que alguém se pergunta, se questiona, se compara, e começa a refazer as contas. Geralmente a gente se doa pelo que ainda não recebeu em troca. Promessas, combinados, futuros desenhados. A gente se oferece ao sonho prometido. E tudo bem se a troca for feita lá na frente. É um investimento.
Mas é preciso saber que os investimentos são apostas de risco. A confiança faz a mediação, mas o dia-a-dia vai mostrando os indicadores do sucesso ou fracasso. Não é preciso ser calculista, mas é essencial não ser indiferente. Se a gente está seguidamente se doando muito em troca de pouco, pode ser que esse cenário nunca se modifique e a dívida fique alta demais para ser cobrada. Ou dolorosa demais para ser perdoada.
Vez por outra é um bom exercício refazer as contas. As amizades, os afetos, as disponibilidades, a tolerância, todas as trocas possíveis entram na avaliação.
Mas, cuidado! Nem sempre palavras de gratidão quitam as expectativas. Em muitos e muitos casos, a troca é muito mais do que reconhecimento. É a doação recíproca, solidária e confiante que faz uma relação equilibrar e manter alinhada a balança.

quinta-feira, abril 13

O melhor momento para falar sem dizer nada

O melhor momento é qualquer um. Qualquer um em que as palavras faltem, que representem menos do que uma boa encarada, que não sejam tão expressivas quanto uma saída silenciosa.
O melhor momento é sempre aquele em que a certeza é tão avassaladora que nenhum argumento pode abalar. Falar, discutir, pontuar, tudo isso abre portas para justificativas e argumentações. Silenciar, finaliza a questão.
O melhor momento é também aquele de perplexidade, êxtase, encantamento. Aquele momento em que palavra nenhuma é capaz de descrever. Fala-se portanto, pelo silêncio.
Na vida diária, são incontáveis os momentos em que calar é mais jogo para todo mundo.
Perante uma grosseria gratuita e injustificada, diante de uma provocação, como respostas às perguntas que não querem ser respondidas… Falar sem dizer nada é mais corajoso do que se armar de palavras que ferem, magoam e, assim que ditas, chamam o arrependimento.
A comunicação dispensa palavras. O silêncio grita forte, o olhar fala com firmeza, a postura confirma o que se quer transmitir. Muitas vezes as palavras servem de enfeite, outras tantas, de barreira.
Mais importante do que ter assunto para falar, é ter consciência da hora que se deve calar. Deixar o outro pensar, raciocinar, analisar. Não se ganha nada em fazer o esforço de viver sugerindo assuntos ao outro. É como inventar um diálogo, ensinar as reações, guiar o desfecho.
Guardar para si as palavras, para que o outro tenha espaço para se manifestar.
O silêncio é amigo que mostra como andam barulhentos os pensamentos. Não se deve sair vomitando tudo a todos, da mesma forma que não se deve deixar ninguém sem respostas. A forma como se responde é proporcional ao grau de convencimento necessário.
Se você crê que tudo é conquistado com longos discursos, experimente apenas uma vez fazer o inverso. O resultado pode te deixar sem palavras!

segunda-feira, abril 10

Tem gente blefando com você? Pague para ver

Pode demorar muito tempo para se descobrir um jogador, um apostador que se diverte e lucra com a confiança alheia. Ele aposta na boa fé, na consideração que recebe, na ausência de dúvidas quanto à relação de confiança.
E blefa sem piedade, planta situações, sugere outras, vai moldando a realidade de acordo com sua vontade. Então, em dado momento acontece a desconfiança, a lógica grita e pede atenção!
-Tem gente blefando comigo. Tem gente me cozinhando em banho maria, me guiando para um lugar que não desejo ir, para uma vida que não quero ter.
O jogo não é gritante e escancarado. O jogador estuda muito antes de começar as apostas. Quem blefa o faz olhando nos olhos, assertivamente. É difícil de não acreditar. Exige o que mais tememos: O senso crítico com quem não queremos sequer contrariar. O afeto protege o apostador da desconfiança que ele merece ser submetido.
Ao se deparar com um apostador, tenha cuidado. Ele fará qualquer coisa para garantir a vitória do que quer conquistar.
Desconfia de um blefe? Pague para ver. Se decepcione, descabele, desiluda, perca fichas, mas corte a sequência de blefes e jogadas. O blefe é um péssimo indicador. Demonstra como a confiança pode ser manipulada e usurpada.
A não ser que o jogo seja mútuo e de comum acordo, sempre haverá prejuízo, perda, decepção.
Não tenha medo de pagar para ver. Tenha medo sim de aceitar como verdade o que é apenas um blefe irresponsável. O jogador não se importa com o valor do que se apropria e destrói. Se para ele é um jogo excitante, jamais enxergará a lista de prejuízos causados.
E sem essa de defender o jogador. Fazemos muito, até demais. Tentamos inutilmente clarear e maquiar as intenções de quem, cedo ou tarde se revela. Boas intenções e jogadas manipuladoras não ocupam o mesmo espaço.
Na dúvida, se preserve. Haverá sempre um jogo justo a se jogar, cujo objetivo não seja derrubar o outro. Desconfiou de um blefe? Pague para ver, encare. Defenda suas fichas!

segunda-feira, abril 3

Não queira saber quem eu sou. Hoje eu sou novidade!

Coisa chata é passar a vida atendendo às necessidades de se contextualizar. Para impressionar, muitas vezes a verdade passa longe e a gente apela para uma multidão de personagens e sonhos ocultos do que gostaria de ser.
Essa compulsão em se apresentar por completo, em se virar do avesso para que o outro conheça, avalie e julgue, em detalhes enfadonhos e desnecessários…
Eu, particularmente cansei de andar com a plaquinha de identificação. Agora me interessa ser novidade! Novidade para quem chega, para quem já achava que conhecia, novidade para mim!
A vida exige uma dinâmica onde não cabem mais formatos duros e embalagens que não sejam flexíveis. Eu até acho que sei quem sou, mas depende do contexto, sempre.
E não dá para apresentar o pacote completo o tempo todo, entubar no outro toda uma construção de experiências, certezas, senões e pensamentos.
Quando a gente conhece alguém, geralmente sente algo próximo de prazer, indiferença ou antipatia, respeitadas as variações de intensidade de cada encontro. É a sensação que abre as portas para uma relação, ou não. Adiante virão as descobertas, não é preciso apressar. Até o que gente tenta seconder, aparece. Não há nenhuma necessidade de fazer uma longa e detalhada exposição, de se contextualizar no mundo e no tempo, de encher o potinho de paciência do outro.
É bom ser novidade, carregar pouca coisa, caprichar no sorriso e na boa conversa como cartão de visita. É bom deixar a bagagem guardada, para ser usada no momento necessário e não viver arrastando e colocando no colo dos outros a todo instante.
As pessoas esperam de nós o que esperamos delas. A leveza de um encontro está diretamente ligada ao que se troca nele. Se entregamos uma carga de informações gigante, cansamos e entediamos quem nos ouve.
De vez em quando é bom experimentar a sensação de novidade!
Hoje eu acordei em branco e pronta para voar como uma folha de papel ao vento!