sexta-feira, fevereiro 20

Do livro: A revolução dos bichos

"Camarada, essas fitas que você tanto estima são o distintivo da servidão. Não vê que a liberdade vale mais que laços de fita?"

domingo, fevereiro 8

Receita Caseira


Quem nunca apelou para uma receitinha caseira naquele momento de pouca grana e muitas marcas do tempo a amenizar? Clara de ovo para esticar o rosto já é um clássico! Mel, limão, açucar, papaya, aveia... fubá. Esse eu nunca usei mas está na categoria das grandes receitas para a pele e cabelo. Só fico pensando na hora de lavar o tal cabelo tratado com o milagroso fubá, e, no banho, se despedir do mingau para deixá-lo cumprir outra função: entupir o ralo. Aí a gente já passa para outro departamento, que é o das dicas caseiras. Ninguém duvide se existir alguma dica a base de azeite quente para desentupir o tal ralo com fubá! Se são eficientes ou não, cada um tem a sua experiência pessoal para contar... ou nunca contar. Cá pra nós, a gente confessa muitos fracassos, conta até que sucumbiu às tentações e furou a dieta, mas contar que fez uma receitinha caseira, que sujou meia dúzia de potes, quatro panelas, estragou a colher de pau, o coador e o escorredor de arroz e... não deu certo! Ah, isso é derrota demais! - Não caiu nem um pelo? - Queimou o rosto? Não dá para se expor dessa maneira, deixar todo mundo interagir com esse fracasso... - mas você colocou a baunilha? - E foi água gelada ou quente? Ah, você não fez certo, comigo não em erro! grrrrr...
Bem, a gente evita esse tipo de aventura, mas quando a coisa aperta, manicure, cabelereira, esteticista, todas essas adoráveis pessoas viram objeto direto da nossa saudade. E o pior é que às vezes elas magoam, acham que foram trocadas, sem nem desconfiarem que a gente está em casa sofrendo de saudade dessas ingratas.
Mas, voltando ao aperto, hoje (coagida pelas circunstâncias) experimentei uma receita que prometia um tratamento no cabelo. Durante toda a semana mobilizei esforços e parentes para conseguir todos os ingredientes: A filha foi na feira buscar côco ralado sem ser de saquinho (na receita essa informação era quase uma ameaça), o genro ficou com a missão de conseguir um sabonete de lanolina, e eu, além de ser a cobaia, fiz a parte do supermercado. Então, é assim: ingredientes comprados, panelas e utensílios separados, a gente inicia o ritual: faço hoje? melhor deixar pra semana que vem? em que lua estamos? (isso é o princípio da sabedoria, o questionamento). Será que vai funcionar? Será que era pegadinha da internet? Ai que dúvida, por que fui me meter nisso? Melhor era só lavar o cabelo e secar. Como diz um amigo meu, aguardar o efeito do xampú de laranja: um bagaço.
Mas eu não vou deixar esse côco estragar nem morta com o cabelo assanhado! Vou fazer essa massa de bolo/paçoca/massa corrida pra ver no que dá. Gente, o negócio ficou um luxo! Encorpado, homogênio, cheiroso não, mas tinha cara de " eu sou o seu milagre". A essa altura, uma panela suja e pegajosa, uma turma de colheres, e uma filha nada satisfeita com a ajuda que solicitei: - me ajuda a passar? (ela sabe a tradução: eu sento na cadeira, fico dando palpites e você passa, cuida pra não deixar cair no chão e ainda corre o risco de ouvir que não deu certo porque você não passou direito. Ela sabe, mas me ajuda). A meleca tá passada, o cabelo ficou duro como um dread gigante, mas agora não dá mais pra amarelar. Ela diz: - Mãe, não deixa isso uma hora no seu cabelo, eu tô com muito medo! Ah, que nada, é uma receita totalmente natural, sem aquelas porcarias químicas. Não há de fazer mal... Mas também não há de facilitar muito a minha vida.Dois banhos, muita água no cabelo, xampú, creme hidratante, defrizante,revitalizante... e o negócio saiu. Ficaram umas sobrinhas, coisa pouca... o máximo é alguém achar que é caspa.~
- E aí mãe? Qual foi o resultado?
... silêncio...
- Mãe?
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Pra não perder a viagem, posso afirmar orgulhosamente que embora eu ache e não tenha mesmo muita certeza, a tal papa deu um brilhooooo.
(que nada, são os seus olhos!)