domingo, março 6

Procura-se amizade desaparecida

E se alguém viu ou ouviu falar, por gentileza não demore a avisar. Amizade que faz falta vale a pena procurar.
Porque amigo a gente procura, rastreia, fareja, caça, laça e enlaça, sem vergonha, sem frescura, sem escusa.
É preciso ao menos saber como anda um amigo. É necessário se inteirar, se fazer necessário se preciso. Se tornar presente, ainda no presente.
É essencial fazer parte da vida de um amigo, e, mostrar a ele qual é a pilastra de sustentação que tem seu nome gravado, dentro da nossa construção.
Para esse assunto não cabe orgulho, não cola desculpa, não vence a preguiça.
Amigo é coisa séria e se ele desaparece, algum motivo há de ter. E se não dá notícias, se é indolente, preguiçoso, relaxado, ocupado, e ainda assim é amigo, vale a pena procurá-lo.
Amigo é fortuna que não se conta em moedas, mas, se desaparece, nos deixa miseráveis.
Amigo é o espelho da própria vida, a régua que mede os avanços, o freio na hora de perigo, a água, o doce de leite, a confissão sincera, o ombro amigo, o beliscão merecido.
Quando um amigo desaparece, o jogo acaba, a bola fura, a luz queima, a bateria acaba.
Falar sozinho enlouquece, falar com o amigo cura.
Se há um esforço louvável, é o de procurar um amigo. Para lhe contar a falta que fez, a saudade que deixou, a novidade que ainda não sabe, pedir um conselho, uma bronca, um abraço ou somente um alô. Para lhe dizer que a vida é curta demais para se esconder, ou não querer ser encontrado.
Para a falta de tempo, mais organização.
Para a preguiça, determinação.
Para a vergonha, coragem!
Para o ciúme de outro amigo, torne-se amigo do outro amigo também. O círculo cresce e todo mundo ganha.
Torna-se amigo em um minuto. Leva-se um vida inteira para continuar amigo.
Se você é meu amigo, por favor, não desapareça. Se precisar ou tiver vontade de desaparecer, ainda assim vou te procurar.
E se eu desaparecer, me resgate, onde for, por favor.
Publicado em Conti Outra em 05/03/2016

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