domingo, abril 24

Memórias de uma mini viagem - Quase final.

- Amiga, aqui é Nogueira.
- Ah sim, que ótimo. Vamos indo então?
- Ué, você não quer ver se tem um lugar pra gente comer e tomar um vinho?
- Amiga, tem certeza? Tá vendo a festa que está rolando? É uma festa íntima da população.
- Deixa de ser preconceituosa, vamos lá, festa do povo é sempre uma boa experiência.
- AMIGAAAA...OLHA AQUELE RESTAURANTE ALÍÍÍÍÍ...
- O QUE?
- ALÍÍÍÍÍ!
- VEM CÁ, VAMOS SAIR DO MEIO DA PRAÇA.
- Ai amiga, nunca fiquei tão dentro de uma caixa de som.
- Ui, que som alto, héin.
- É, e na trilha sonora do Calipso, quase não resistí. Foi por pouco que não saí rodopiando (mais piando do que rodando) e jogando o cabelo na cara do povo.
- Palhaça, vamos ver o restaurante.
- Olá, boa noite. Pode nos mostrar a carta de vinhos, por favor?
- Senhora, aqui temos esse vinho da casa, tipo mesa, especial.
- Não teria nada tipo vinho?
- Desculpe a minha amiga, ela fala coisas sem sentido quando está com fome.
- Desculpe moço, deixei meu remedinho no hotel.
- Bem, muito obrigada, acho que vamos dar mais uma volta antes de jantar.
- Mais uma volta? Na boa, se a gente for novamente na praça, vou subir no coreto e fazer coreografia.
- Obrigada moço!! Linda festa héin!
- Bicha falsa.
- Cala a boca.
- Bicha grossa.

... estrada, estrada, estrada...


- Correias, quer parar?
- Você que sabe, você que é brasileira e não desiste nunca. Eu me considero inglesa.
- Vamos direto para Itaipava então.
- Hum, chique!

... estrada, estrada, estrada...

- Amiga, chegamos.
- Vamos escolher um lugar.
- Esse é muito cheio.
- Esse é muito caro.
- Esse é muito feio.
- Esse tá fechado.
- Olha só que lugarzinho charmoso. Gostei da proposta.
- Proposta de uma noite no bar da cidade fantasma? Não tem ninguém no lugar.
- Ah, mas é uma gracinha e os preços são ótimos.
- Oh meu pai. Eu saio do Rio, do quentinho da minha cama, deixo mamãe, cachorro, problemas e aspirador de pó ... só pra vir jantar em um restaurante deserto em Itaipava... mas vamos, tá valendo.
- Aqui tem carta de vinhos!
- Ah, melhorou. Escolhe um pra gente, você que é entendida.
- Não fale assim, as pessoas podem entender errado.
- Que pessoas, cara palida?
- Garçom! Boa noite, tudo bem? Que vinho o senhor recomenda?
- Olá, tudo bom? Muito obrigado por vir me tirar do cochilo Que bom que nos escolheram. Tudo aqui é especial. Sugiro esse vinho uruguaio, excelente.
- Pode ser meia garrafa? É que estou dirigindo.
- Meia nada, pode ser inteira, moço. Eu preciso de um incentivo para continuar.
- E para comer? Qual é a especialidade?
- Todos as sugestões são ótimas.
- Então vou querer essa sopinha que lembra a sopa da minha avó.
- Amiga, você está tão sensível! Moço, eu quero essa outra, e traga a pimenta junto, porque hoje eu quero é sofrer!
- Senhora, o vinho.
- Está ótimo.
- Amiga, é vinho mesmo? Parece vinagre balsâmico.
- É mais rascante.
- É, muito mais. Mas a entendida é você.
- Aprecie o vinho.
- Fresca.
- Chata.


- Muito obrigada, adoramos tudo. Viremos almoçar aqui amanhã.
- É, se não pararmos em Nogueira antes, porque ela prometeu a mesma coisa lá.
- Não ligue, essa minha amiga é brincalhona.
- Sim, sou uma comédia.
- Até amanhã!
- Vamos amiga, pegar a estrada.
- Bora, eu vou no piloto automático, porque mandei ver no vinagre balsâmico delicioso vinho uruguaio.
- Eu vou falando porque assim não me dá sono.
- E quando é que você fica sem falar?
- Ai, estou louca para chegar no hotel, tomar um bom banho e ter uma ótima noite de sono.
- A parte do bom banho, só para lembrar, tem a cortina do box, o lodinho. Eu gostaria de um par de galochas.
- Estamos tão cansadas que nem vamos perceber.
- É né?
- Imagina, as camas quentinhas, uma boa noite de sono! É isso que precisamos.
- Bem, tenho uma boa estrada pela frente, para rezar por isso.
- Vamos, daqui a pouco estaremos lá.
- Ok Batman! Bat caverna, guarde nosso batmóvel!
- Palhaça, dorme e baba que é melhor.
- Quem sou eu para te desobedecer. zzzzzzzzz..... fiuuuuuuu......


- Ficamos bem na foto, héin!
- Quem é essa outra mulher?
- Sei lá, talvez a sua outra personalidade.
- Ah bom!

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