domingo, janeiro 25

Será que é só comigo?

Então, a primeira semana passou e a coragem ainda não havia me visitado. Por alguns momentos pensei que ela tinha ido embora de vez junto com 2008 e novamente me ví naquela discussão mental cansativa: você prometeu mudar tudo, prometeu respirar fundo, criar seu próprio mantra de coragem a agora fica medrando... como diria o sábio - é por isso que você sofre criatura. Mas isso são águas e dias passados e hoje é o dia em tudo vai ser vivido de forma diferente, eu arriscaria dizer, integral (só para incentivar). E como o objetivo é escrever, cá estou, um pouco nervosa, agora sem saber ao certo se tenho algo interessante para contar, mas vamos indo que a gente chega lá, ou aqui, não sei.O início do dia para uns pode ser um tormento, mas não para todos. Conheço pessoas que acordam saltitantes, prontas para malhar, respirar fundo, deixar a endorfina correr solta enquanto a maioria dos mortais ainda se entrega ao sono. Contudo, conheço também alguns exemplares humanos que não sentem o menor desconforto e seguem dormindo como bebês até às duas da tarde (isto é, depois do almoço) sem sentir falta de nada, muito bem, obrigado.O meu despertar é uma prática interessante e sempre tive vontade de dar um depoimento sobre o assunto. Não importa que horas eu me deite, o horário do despertador é sempre quando estou na melhor parte de um sonho (não sei se posso chamar de sonho, na verdade é sempre uma baderna), e não tem negociação: meu querido cachorro já está devidamente sentado na frente da cama com cara de: mamãe, vou fazer tudo o que preciso agora mesmo, aquí". É um olhar tão lindo que não dá pra enganar o bichinho e virar para o lado.Talvez fosse mais fácil com um marido.Mas vamos lá, eu me arrastando até o banheiro, cumprindo todos os passos do cerimonial e chega a hora mais feliz do dia para ele e o momento em que digo para mim mesma: viu só? você é paciente, cumpridora dos seus deveres e ama os animais, enfim, é só virtude essa pessoa! A rua sempre está vazia e meus olhos ainda não estão completamente abertos, pareço uma sonâmbula. Tenho um vestido que é prático demais, é só enfiar pela cabeça e tudo certo, tudo o que preciso cobrir está coberto. Minha boa e implacável mãe todos os dias me diz: joga essa porcaria fora, mas joga longe porque se for perto ele vai voltar sozinho pra você. Coisa horrível, se valoriza!! Mas não é isso que interessa e lá vamos eu e meu peludo branco de 15 aninhos pela estrada afora, sempre nos esgueirando de outros cães, pois o bicho é completamente antissocial- o que já me fez ficar por muito tempo com a pulga atrás da orelha (não na dele, na minha): será que os bichos realmente são o reflexo dos donos? Serei eu uma pessoa hostil, barulhenta e cegamente espaçosa? Ai, nem pensa nisso, vamos continuar o passeio que finaliza com a dança do jornal ou saquinho - quem tem cachorro sabe do que estou falando, vamos pular os detalhes. Bem, estamos voltando para casa, cumprimos os rituais de higiene canina e vamos a mais uma tentativa de colocar a roupa de ginástica e ir caminhar na orla. Bem devagarzinho pra não traumatizar, enquanto isso, pensa, pensa, pensa... e se o sol ficar forte? e se chover? e se o calçadão estiver cheio? e se estiver vazio? Pelo amor de Deus, qualquer coisa que me salve dessa caminhada e eu pule diretamente para o café da manhã, a primeira coisa do dia que me arranca um sorriso! Não, vá caminhar, você está enorme, a pressão deve estar alta, as juntas todas coladas. Vai logo e não esquece de alongar! Cadê o mp3 com músicas de academia? vamos que você pega no tranco! O tempo total desse exercício é de 50 minutos e no oitavo minuto eu já estou com uma vontade insana de voltar pra casa... ía ser tão bom, um banho gostoso, o café da manhã. É uma luta, não duvide. Vai, vai, vai... encolhe a barriga, respira na cadência, olha o rítmo dos batimentos, não distrai porque a passada desacelera. As pessoas passam por mim, eu tento o tempo todo descobrir pelos olhares se elas estão tão desesperadas quanto eu, tão ávidas para voltar para as suas casas, mas não consigo muitas adesões. A falha é minha, mas tudo vai mudar, eu sei que é importante, eu busco qualidade de vida, saúde e bem estar, portanto, a partir de hoje vou caminhar todos os dias de minha vida (contanto que chova um pouco na metade do ano, justo nesse horário, por favor).A caminhada está no final, afinal já se passaram 26 minutos, o que me dá um enorme prazer constatar que já estou nos 50% finais. Vamos, vamos, vamos. Chegando em casa, sempre com o rosto em chamas e com a sensação de total desidratação, resolvo incrementar meu momento saúde e parto para os abdominais no colchonete que era de ginástica e agora é a casa de campo do meu amado VL Branco (todo mundo sabe o que é VL?)Tenho os pesinhos, tenho aquela incrível bola para alongamento e é justamente ela que me causa uma antipatia do tipo, quando eu pensar que acabei, você me convida para eu ficar como uma foca rolando pra lá e pra cá, atropelando meu personal cachorro, a única "pessoa" que me acha linda malhando. Mas hoje nem você vai me derrubar e se derrubar eu te esvazio, porque eu sou o comando da situação. Primeiro as sessões de abdominais, depois o alongamento e vupt:Me sinto até mais magra hoje, talvez até possa comer um pouco mais no café da manhã pra não ficar fraquinha. É isso que eu vou fazer nesse momento, e já volto! Detalhe importante: O intervalo de tempo entre eu chegar em casa e finalizar os exercícios é de mais ou menos 30 minutos, mas desde antes de meu despertador cumprir a sua função, minha boa e implacável mãe já mantinha uma água fervente no fogão para que eu fizesse o meu café. Essa é uma das vantagens de voltar a morar com a mamãe. Vou precisar pensar muito para listar as outras, mas o importante é que a tal da água não evapora, ela vai lá e refila, refila, incansável, o que me dá a eterna sensação de que eu já acordo atrasada todos os dias, e, diga-se de passagem, ela adora! Agora que a ginástica acabou, vamos ao afazeres domésticos, coisa pouca, uma bobagem: arruma a cama, passa aspirador, ajeita a cozinha, lava a louça, tira roupa da corda, põe roupa na máquina, um jeitinho no banheiro, molha as plantas, mais uma coisinha aqui, outra alí, aquela de acolá vou fingir que não ví...e o ritual do banho, momento sagrado. Enquanto estou na lida doméstica idealizo o meu banho, olho para o relógio e calculo quanto tempo posso ficar, penso na roupa que vou vestir hoje, aí me dá uma pequena angústia. Será que aquela calça que eu quero vestir vai ficar apertada? Da última vez que eu tentei, ficou. Tento ou não tento? Se não ficar, beleza, ganhei meu dia. Mas se ficar, e gente, eu acabei de malhar, vou passar o dia mal, me achando uma das últimas, ai não sei. Melhor uma roupa segura, preta, daquelas que não deixam a gente na mão. Bem, aviso aos familiares: Vou tomar banho, ok? Vou deixar a porta encostada, qualquer coisa me chama. Me chama, foi o que eu disse. Eu não disse: entra, vem conversar... senta e me vem me alugar... (08 de janeiro de 2009)

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