segunda-feira, novembro 9

Barbosa, o boêmio irresistível!

E lá estávamos nós, ouvindo uma música boa, comendo igualmente bem, tomando uma sangria duvidosa, e, só para rimar, eis que aparece Barbosa!
Barbosa chegou gingando, com sua camiseta de praia, chapeuzinho de malandro e muita cerveja na alma, pronto para causar! Minha amiga-irmã que de antipática não tem nada, já estava estampando seu melhor sorriso, embora sem noção do que a esperava. 
Barbosa se instalou ao seu lado e queria conversar, queria ficar juntinho, falar dele, do quando era apaixonado pela cidade, de como levava bem a vida, e que vida boa, segundo ele! 
Barbosa, no alto dos seus oitenta e tantos, calculo eu, era realmente assanhadinho, e mesmo depois de uns passa-fora, continuava por perto, voando como uma mosca de padaria, sempre atento, tentando fazer seu olhar cruzar com alguma canditada. Nem precisava ser uma de nós. Barbosa parecia decidido a não passar a noite sozinho. 
E nós naquela mesa, apesar de nos intitularmos mulheres independentes e tudo mais, não queríamos arredar o pé, com medo de Barbosa voltar e investir novamente com todo o seu charme e malícia. O pessoal da mesa de trás ria até não poder mais, da nossa saia justa. 
Barbosa me deu uma bronca porque eu não largava o celular. 
- Escuta aí, você vai ficar usando esse negócio o tempo todo?
- Vou sim. (seca e nada simpática, estratégia para afastar Barbosa).
Mas ele não saiu. E repetia como era apaixonado pela cidade, como gostava da noite, como era feliz, como minha amiga precisava conhecer Salvador. Barbosa é baiano, mas um dos mais rapidinhos que já ví. Foi logo listando para minha amiga a sua vida de aposentado do serviço público, e que vivia muito bem, tinha uma casa no Morro de São Paulo e por aí vai, porque vantagem, quando a gente quer, não acaba nunca. 
Por fim, Barbosa, depois de saracotear pelo salão inteiro, dançar com uma e com outra, beber mais umas tantas e sorrir até para as pilastras, não se conteve e voltou à nossa mesa. Direto e sincero, ele disparou para a minha já não tão sorridente amiga:
- Eu me apaixonei por você. Você é encantadora! 
Ela mais que depressa pediu a conta e saímos antes do show acabar. Ah, Barbosa,mas cá para nós, eu acho que ela te correspondeu, só ficou meio tímida. Aguarde, voltaremos!

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