sexta-feira, março 10

A vítima oportuna é poderosa e perigosa!

A vítima é sempre credora de algo. Desde um pedido de perdão até mesmo uma reparação pública. Na maior parte das vezes é a justiça atuando para deixar tudo no zero a zero novamente.
Mas o hábito de se fazer vítima em qualquer situação é pra lá de diferente das vítimas alheias à sua própria vontade. A vítima oportuna quer a atenção, a piedade, a preocupação, e, se possível, todas as reparações imagináveis. Justas ou não.
A vítima oportuna se veste de humilhação, se cobre com melindres e caminha pela estrada de lamentos e ladainhas. Mas não é fraca, não é humilde, não é inocente.
É cheia de poder e acumula créditos. É intocável porque é vítima. É credora porque lhe devem. É manipuladora pela voz que invoca piedade.
E quando algo parece não funcionar, ainda restam as lágrimas. As lágrimas que desarmam muitos e bons argumentos, que lavam e levam embora boa parte da razão, que derretem decisões e deixam arrependimentos espalhados como poças depois da chuva.
A vítima oportuna atua com as ferramentas que possui e vai construindo suas muralhas, até o ponto de ficar totalmente inacessível. Ceder às suas queixas é conceder-lhe cada vez mais poder.
É importante ser sensível aos dramas alheios, é essencial praticar a empatia, mas é absolutamente imprescindível tomar posição firme junto às vítimas oportunas. Não há liberdade nessas relações, a vítima é quem comanda, ainda que aparentemente ferida ou paralisada.
Quem quer ter boa relação com o mundo, com as pessoas e com a vida, precisa ter os olhos abertos para as vítimas oportunas. Boas intenções são como iscas que as atraem. Elas sabem que boas intenções não apertam o botão da desconfiança com facilidade.
São vítimas de si mesmas, ardilosas, criativas, golpistas. Vítimas que não se comprometem com nada já que são vítimas e vivem passivamente, aguardando chances para se agarrarem.
Em todos os casos, ao reconhecer uma vítima oportuna, não dê a ela a oportunidade de fazer moradia nas suas ocupações.

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