quinta-feira, fevereiro 16

A lei do galinheiro

A lei do galinheiro dita que as aves que estão no poleiro de cima fazem o que bem desejam sem se importar com o que acontecerá no poleiro de baixo.
Não é uma lei tão desconhecida nossa, embora não sejamos galos nem galinhas enclausurados num cercado de arame.
O curioso é ver como essa lei tão sem lei é aplicada na vida da gente, e ainda mais triste, muitas vezes por quem a gente ama e admira. E, por costume ou resignação, vamos trazendo conosco a desvantagem de viver nos andares inferiores, aguardando o que nos cai na cabeça.
A lei do galinheiro não é justa, não é boa, não é educativa.
Mas ela existe nas relações de amor. Ela existe e é forte, a ponto de ser quase imperceptível e aceita como normal, principalmente nas relações de dominação.
Ela também existe nas relações profissionais, muitas vezes evoluindo ao status de rinha. Nas relações de amizade, onde há mais obediência do que companheirismo. Nas relações familiares, com vários níveis de poleiros e vários galos a disputar o mais alto.
Por fim, uma lei tão desprezível e revoltante, se aplica a muitas situações que sequer desconfiamos e vamos convivendo, achando normais os detritos que caem sem nosso consentimento, como os desrespeitos, os preconceitos, os julgamentos hipócritas, as mais loucas interferências e intervenções.
Mas, se a gente consegue identificar uma condição dessas, é hora de aplicar a lei da igualdade, mesmo que a duras penas (sem trocadilhos). A lei do galinheiro não é justa nem mesmo para galinhas e galos, e não seria portanto, melhor para nós.
Sempre será momento de lutar pelo próprio espaço, pela própria voz e por respeito, independente do tipo de relação e das regras a ela aplicadas. Regras e leis só são boas quando são justas para todos.
A lei do galinheiro existe porque ainda é aceita como válida por muitos de nós. Para cair, basta alinhar os poleiros.

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