terça-feira, janeiro 3

Quem povoa os salões da sua saudade?

Saudade é um sentimento estrangulador. Saudade faz rir e faz chorar, dá medo e coragem, acorda e desmaia.
Saudade boa, nostalgia, nuvem de lembranças e tentativa de revivê-las.
Saudade triste, melancolia, momentos que ainda não cabem nas gavetas da memória sem doerem um tanto.
O que provoca saudade? Tem saudade de gente, de tempo, de lugar, de cheiro, de som, de alegria e até de dor.
Quem vive e frequenta os salões da sua saudade?
Na minha saudade mora gente que jamais se conheceria, mas hoje povoam o mesmo salão. Na minha saudade dançam figuras do passado, danço eu mesma de outro jeito, desfilam pequenos momentos que me arrancam suspiros, passam cenas impregnadas de memórias.
A saudade tem poder de dominar os pensamentos por um instante. Quando se sente saudade, não se sente mais nada, não se pensa em mais nada, não se ousa reagir.
Depois de passada, a saudade deixa um desejo de reação. Se não se pode acabar com ela, é preciso falar dela. É urgente contar a alguém sobre ela.
A saudade vem e nos traz a certeza da vida que já vivemos, da saudade que também provocamos, do tempo que está passando, do pouco que nos comprometemos.
Viver de saudades é duro. O tempo passa mais rápido de propósito, só para provocar mais saudades.
É hora de olhar para dentro dos salões da sua saudade, identificar rostos, lugares e oportunidades. O que não vai mais voltar, vai ficar na saudade. O que der para recuperar é tarefa para agora! O tempo não aguardará a saudade passar.
Entre nesse salão, e se a porta estiver fechada, entre pela janela, pela chaminé, pela saudade de quem está lá dentro, e resgate o que for possível. Liquide a saudade em vida, para que ela fique somente com o que já não pode mais retornar.

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