quinta-feira, julho 28

Com licença, essa vida é minha. Meta-se com a sua!

Na minha vida há lugar para dúvidas, medos, bobeadas, infantilidades, ressacas. E tudo isso junto e muito mais. Na minha vida há lugar para comemorações, gargalhadas, defesas exacerbadas, abraços sufocantes. E mais, bem mais.
Mas, na minha vida não há lugar para pitaco, fofoca, questionamentos, julgamentos.
Curiosa é a impressão de que minha vida está sempre fora do lugar. Nunca organizada o bastante, jamais assentada em base sólida. Uma vida que flutua e segue à mercê das luas e marés. Assim ela é, mas é minha e de mais ninguém.
Minha vida é uma casa, às vezes aberta à visitação, outras tantas, fechada para limpeza e reparos.
Minha vida é um livro, com partes enfadonhas alternando com capítulos de tirar o fôlego.
Minha vida é uma bicicleta que ganha velocidade nos trechos sem obstáculos mas passa maus bocados nas ladeiras.
Minha vida é um par de óculos cujas lentes só garantem a visão até o grau que suportam. Mais do que isso, embaçam.
Minha vida é uma banda com os instrumentos lutando pela tão sonhada harmonia e ritmo comuns.
Minha vida é um barco que aguenta firme os solavancos das águas e também medita na calmaria.
Uma vida não é diferente de nenhuma outra vida. Estar vivo e encarar toda a bagunça que vem pela frente, eis a arte que vai fazer a diferença entre as vidas.
Mentira seria dizer que uma vida recebeu porção maior ou menor de sorte na vida. A vida já uma sorte, das grandes!
Os amores que colorem a vida podem se demorar mais em uma vida ou em outra, mas, e sem nenhuma dúvida, são os amores daquela vida. Moraram nela com permissão. E, se foram embora por vontade ou por convite, isso é das coisas que fazem parte da vida.
Falando em convite, e é por isso que fala da vida, creio que deveria ser proibida a entrada, permanência, mesmo que furtiva, de uma vida em outra vida sem a devida autorização.
É invasão de propriedade, de privacidade, de personalidade.
As vidas se tocam, se trocam, se compartilham. Mas uma vida não deve ser invadida, nem pilhada, amordaçada ou confiscada.
E, se em qualquer momento da vida essa ameaça parece ganhar vida, este é o momento certo de banir para o mais longe possível, e, para ilustrar, talvez usar a tão famosa quanto eficaz frase: “Meta-se com a sua vida!”

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