quinta-feira, abril 14

E por falar em histeria...

Acordei febril e com a garganta arranhando. A essa altura, já produzi um lote inteiro de sintomas, só não perdi os sentidos porque não faz sentido adormecer essa histeria. Ela quer mais é acordar e ganhar o espaço que acha que merece.
Afinal, a gente se apega, se dedica. Cabeça é um troço que não tem freio.
Aguardo sentada, sofrida, histérica, a evolução da coisa toda. Ou não… muitas contas para pagar, muitos incêndios para apagar, muitos lances para dar.
Histeria é aquela reação que nem você imaginava que pudesse ter, aquele descompasso da música, uma bagunça completa, em se tratando de lógica, intensidade e volume.
A histeria barulhenta é facilmente identificada, quase sempre vem acompanhada de um mar de choro e promessas até de convulsão. A silenciosa grita por dentro, poupa os ouvidos alheios mas ataca sem piedade as paredes do estômago, da garganta, da alma.
A histeria é um animal nervoso que não admite ser contrariado nem encurralado. Ainda que um substantivo feminino, não é exclusividade nossa, nem de longe!
É uma doença, é nervosa, convulsiona, paralisa, neurotiza.
A histeria é uma emoção que não sabe se comportar. Se instigada, dá vexame. Se revelada, nega ruidosamente. Se ignorada, desfila para se fazer presente.
Mas ela também se apresenta serena, suave, de voz macia e sorriso ameno. Essa é feroz, pode crer!
Quem de nós ainda não experimentou essa sensação de descontrole e desautonomia, não sabe o que é ouvir a própria voz e não reconhecer o timbre, se descobrir fora do tom.
Melhor tentar manter as janelas fechadas e a casa interditada para esse tipo de visita.
E se aquela angustia começa a apertar sufocar, se possível, corramos para o caminho que mais nos alivia, corramos para os braços de quem mais nos conforta, corramos para longe desta senhora pegajosa e estridente.
Publicado em Conti Outra em 14/04/2016

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