segunda-feira, agosto 8

Nem todo perfume me inebria, nem todo sorriso me convence

Gosto é uma coisa. Aquela coisa que não se discute, particular, individual, personalizada.
É historia pessoal, a provocação que mais ninguém conhece, aquilo que não se desvenda por adivinhação, nem se interpreta por dedução.
Eu gosto de pêssego, você de abacaxi. E eu gosto de experimentar do que você gosta. Quem sabe eu gosto também. Ruim é colocar a recusa na frente, como um escudo para não alcançar a coleção de gostos tão carinhosamente cuidada.
É o perigo de eu achar que meu gosto vale mais do que o seu. E isso é de extremo mau gosto.
Ter gostos mais ou menos definidos é positivo porque definem um norte para o que se quer e o que se encaixa para a vida. E descobrir novos gostos é sempre um vitória a ser incorporada e comemorada. Nada mais prazeroso do que se descobrir inebriado ou encantado por algo novo e agradável aos sentidos, sejam eles quais forem.
Conhecer os próprios gostos ajuda a descobrir o que não é de gosto. Ajuda a evitar o que causa desgosto, na maioria das vezes.
Aprender que o gosto alheio é tão importante quanto o seu próprio, ainda que aos seus olhos, estranho, extravagante, curioso, simplório, ou sem definição suficiente.
Com o tempo a gente aprende que as diferenças são peças essenciais no quebra cabeças do crescimento.
E, se por gosto ou somente por ignorância, eu vier a desprezar o seu gosto, por favor, me perdoe o mau gosto. Definir os limites de defesa do meu gosto sem esbarrar nem atropelar o seu, é uma luta diária e árdua que ainda enfrento pela vida afora.
Nem todo perfume me inebria e nem todo sorriso me convence, mas ainda estou longe de ter um vasto leque de gostos. Estou, assim como você, em contínuo crescimento.

Publicado em Conti Outra em 08/08/2016.

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